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DÓLAR HOJE - Expectativas por tarifas de Trump influenciam o câmbio, com JOLTS e PMIs no radar

Moeda norte-americana inicia o dia em leve alta e atinge cotação de R$ 5,714

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ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • Fechamento: Dólar comercial (compra): -0,39%, cotado a R$ 5,683.
  • – 9:24: Dólar comercial (compra): +0,13%, cotado a R$ 5,714.

Na sessão anterior…

Na última segunda-feira (31), o dólar comercial (compra) fechou em queda de 0,94%, cotado a R$ 5,706.

O que influencia o dólar?

A implementação das novas tarifas pelos Estados Unidos (EUA), na próxima quarta-feira (2), desponta como a principal incerteza no mercado cambial.

A imposição dessas tarifas tende a gerar um efeito inflacionário, pois encarece os produtos importados.

Se os preços subirem significativamente, o Federal Reserve (FED) pode adotar uma postura mais rígida na política monetária e manter os juros elevados para conter a inflação.

Juros mais altos nos EUA geralmente fortalecem o dólar, pois tornam os investimentos no País mais atraentes.

As possíveis retaliações de países e blocos como União Europeia (UE), China, Brasil e Coreia do Sul também são um fator crucial.

Caso essas nações implementem medidas de resposta, o comércio global pode desacelerar e impactar economias exportadoras.

Em momentos de incerteza, investidores tendem a buscar ativos mais seguros, como o dólar, o que pode impulsionar sua valorização.

No entanto, se as tarifas prejudicarem o crescimento dos Estados Unidos (EUA) no longo prazo, o efeito pode ser o oposto e levar a uma desvalorização da moeda norte-americana.

Diante disso, os investidores estão cautelosos, e aguardam os detalhes das tarifas. Se as medidas forem mais agressivas do que o esperado, pode haver uma corrida para ativos de proteção, como ouro e Treasuries – o que fortaleceria ainda mais o dólar.

Por outro lado, se as tarifas forem vistas como um risco ao crescimento dos EUA, a moeda pode enfrentar desvalorização no longo prazo.

Brasil

Nesta terça-feira (1°), o mercado financeiro local observa o Índice de Gerentes de Compras (PMI) Industrial de março, divulgado pela agência S&P Global.

Além disso, o mercado monitora a sessão solene, na Câmara dos Deputados, em homenagem aos 60 anos do Banco Central (BC), com presença do presidente da instituição, Gabriel Galípolo. O líder da autoridade monetária reúne-se ainda com o CEO do Banco MasterDaniel Vorcaro.

Expectativas para a implementação de tarifas pelos EUA

Economistas e diretores do Banco Central discutiram, na última segunda-feira (31), as incertezas do cenário externo em reunião. O debate sobre as tarifas de importação norte-americanas dominou grande parte do encontro.

O único consenso entre os participantes foi o aumento da incerteza, sem previsão clara sobre os efeitos do tarifaço na economia global. Esse fator preocupa os analistas.

A maioria acredita que a nova política comercial dos Estados Unidos (EUA) vai desacelerar a economia do País, o que pode resultar em um cenário de juros mais baixos no mercado norte-americano.

Embora isso teoricamente favoreça o real, a aversão ao risco pode desvalorizar a moeda brasileira e aumentar a pressão sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com mais instabilidade no câmbio.

No cenário doméstico, analistas projetam um crescimento econômico maior do que o esperado, impulsionado por medidas como o novo crédito consignado privado.

Essa expansão pode prolongar a inflação elevada, e exige que o Banco Central (BC) mantenha os juros em patamares restritivos para conter a alta dos preços.

As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 variam entre 1,8% e 2,30%, enquanto a inflação deve ficar entre 5% e 6%. Para a taxa básica de juros Selic, estima-se um patamar entre 15,0% e 15,5%.

Diogo Guillen

Em palestra na Faculdade ESEG, Diogo Guillen, dirigente do Banco Central (BC), afirmou que a incerteza econômica continua mesmo após o “Liberation Day” nos EUA, com novos debates sobre tarifas.

Ele destacou que discussões sobre medidas não implementadas, possíveis retaliações e negociações prolongarão o ambiente de incerteza no cenário global.

Sobre política monetária, Guillen ressaltou que a reação do Federal Reserve (FED) vai ser crucial para entender os impactos no Brasil, especialmente diante do crescimento global menor e da volatilidade do dólar.

Ele justificou a orientação de alta menor da Selic em maio pela defasagem dos efeitos da política monetária, mas reforçou que o aperto vai continuar devido à inflação persistente.

O diretor do BC enfatizou que a resiliência econômica e as expectativas desancoradas exigem a manutenção do ciclo de aperto para conter a pressão inflacionária.

EUA

Nesta terça-feira (1°), o mercado norte-americano acompanha a divulgação do PMI Industrial de março.

Além disso, vai ser observado o Relatório de Abertura de Vagas (JOLTS) referente ao mês de fevereiro.

Tarifas de Trump

Donald Trump afirmou que todos os países serão afetados pelas novas tarifas, mas prometeu flexibilidade. No fim do dia, um relatório do USTR acusou cinquenta e nove países, entre eles o Brasil, de impor barreiras a produtos norte-americanos.

O documento destaca que o Brasil adota tarifas elevadas sobre diversos setores, como automóveis, eletrônicos e aço.

Além disso, a imprevisibilidade das alíquotas dificulta a projeção de custos para exportadores dos EUA.

A União Europeia (UE) foi criticada por barreiras comerciais persistentes e pela falta de uma administração alfandegária unificada.

Algumas tarifas, como as sobre frutos do mar e caminhões, foram consideradas excessivas pelo USTR.

O relatório mencionou o Canadá, e destacou preocupações com restrições às exportações de laticínios e bebidas alcoólicas dos EUA. Também houve queixas sobre acesso desigual ao mercado de energia de Alberta.

China foi citada por não cumprir compromissos do Acordo da Fase Um, assinado em 2020, que previa mais compras de bens e serviços dos EUA e melhorias no acesso ao mercado chinês.

No domingo (30), Trump reforçou sua visão de reciprocidade comercial, e sugeriu que negociações ocorrerão após a aplicação das tarifas. Porém, China, Japão e Coreia do Sul sinalizaram uma resposta conjunta às medidas.

Economistas temem que retaliações, e não negociações, agravem o impacto sobre o crescimento global. Nos EUA, a preocupação com estagflação cresce e desafia a política monetária do FED.

Caso o cenário mais pessimista se concretize, o FED pode ter que escolher entre cortar juros para evitar recessão ou manter o aperto monetário para controlar a inflação. O mercado financeiro global, por ora, aposta na redução das taxas.

Ásia

China – O PMI industrial da China subiu para 51,2 em março, mais que a expectativa de 50,8 pontos – o que indica expansão da atividade manufatureira.

Japão – No Japão, o PMI industrial recuou de 49,0 para 48,8 pontos, uma contração contínua no setor.

O relatório Tankan mostrou que empresas japonesas elevaram suas previsões de inflação, e reforçaram a possibilidade de novos aumentos de juros pelo Banco do Japão (BoJ).