Câmbio

DÓLAR HOJE - Tarifas, prioridades de Haddad, commodities e balanços no Brasil e nos EUA influenciam câmbio

O dólar continua como um dos principais focos de atenção, especialmente após a moeda norte-americana registrar uma leve alta após doze sessões consecutivas em queda

Dolar-Moeda estrangeira
Dolar-Moeda estrangeira

ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • – 9:09: Dólar comercial (compra): +0,38%, cotado a R$ 5,817.

Na sessão anterior: Dólar encerra sequência de 12 quedas e fecha em alta, mas segue abaixo de R$ 5,80

Moeda se valoriza após forte desvalorização de commodities

Depois de uma histórica sequência de doze sessões consecutivas de desvalorização, o dólar atravessou um movimento de recuperação e encerrou a quarta-feira (5) em alta. No entanto, mesmo com essa valorização, a moeda americana permaneceu abaixo do patamar de R$ 5,80, influenciada principalmente pela forte desvalorização do minério de ferro e do petróleo no mercado internacional.

Com esse cenário, investidores aproveitaram a oportunidade para realizar lucros.

Câmbio e mercado externo

A moeda norte-americana registrou um avanço de 0,38%, cotada a R$ 5,7942. Enquanto isso, no exterior, o dia foi de nova desvalorização do dólar, impulsionada por indicadores de serviços nos Estados Unidos (EUA) abaixo das projeções.

Esses dados reforçaram a perspectiva de que o Federal Reserve (FED) possa realizar um corte total de 50 pontos-base nos juros norte-americanos ao longo do ano de 2025.

Donald Trump fora dos holofotes e o impacto por todo o mercado global

Outro fator que contribuiu para o comportamento dos mercados foi a ausência de polêmicas sobre o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.

Frequentemente associado a declarações polêmicas que impactam a economia global, o mandatário não protagonizou grandes movimentações nesta quarta-feira (5), o que permitiu um respiro nos mercados.

Lista de prioridades do Ministério da Fazenda gera volatilidade

O mercado de câmbio experimentou volatilidade após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), entregar ao novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos – PB), uma lista de vinte e cinco prioridades econômicas para os anos de 2025 e 2026.

Entre os principais pontos, destaca-se a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5 mil.

Fluxo cambial negativo em janeiro

Na véspera, o Banco Central (BC) informou que o fluxo cambial encerrou o mês de janeiro com saldo negativo de US$ 6,70 bilhões.

Esse resultado foi impulsionado por uma saída de US$ 4,562 bilhões pelo canal financeiro e mais US$ 2,136 bilhões pelo setor comercial.

Expectativa sobre leilão do Tesouro Nacional afeta juros futuros

A valorização do dólar abriu espaço para um aumento dos juros futuros, impulsionado pelo aguardado leilão de títulos prefixados do Tesouro Nacional. Os agentes financeiros especulam que o Tesouro Nacional possa ofertar um lote considerável desses títulos com prêmios mais altos, o que poderia impactar negativamente investidores que apostavam na queda das taxas.

Produção industrial surpreende

Em um aspecto positivo, a produção industrial brasileira apresentou um desempenho melhor do que o esperado em dezembro. O setor registrou uma queda de 0,30%, enquanto a expectativa era de um recuo maior, de 1,2%.

Apesar disso, o resultado confirma uma desaceleração gradual da economia do País, que deve se tornar ainda mais evidente no primeiro trimestre de 2025.

Inflação segue pressionada e previsões para a Selic são reiteradas

Apesar da desaceleração da atividade econômica, a inflação continua a exercer pressão sobre o mercado financeiro. Na quarta-feira (5), o Bradesco (BBDC4) revisou suas estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e elevou a projeção para 2025 de 4,90% para 5,70%. Para 2026, a previsão subiu, de 3,00% para 3,40%.

Em relação à taxa básica de juros, a Selic, o banco manteve suas projeções em 14,75% para 2025 e em 11,25% para 2026.

O Bradesco avalia que os cortes nos juros devem começar apenas em dezembro deste ano, devido à desaceleração econômica.

A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 foi reduzida de 2,20% para 1,90%, enquanto a de 2026 apresentou uma leve melhora, de 1,00% para 1,30%.

Mercado de DIs reage

No fechamento do mercado de juros futuros:

  • o DI para janeiro de 2026 subiu para 14,965% (de 14,920%);
  • o DI para janeiro de 2027 subiu para 15,020% (de 14,880%);
  • o DI para janeiro de 2029 caiu para 14,645% (de 14,470%);
  • o DI para janeiro de 2031 subiu para 14,590% (de 14,410%); e
  • o DI para janeiro de 2033 subiu 14,540% (de 14,340%).

Juros no México e no Reino Unido

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) anuncia um corte de 25 pontos-base em sua taxa de juros, como amplamente antecipado pelos mercados. A decisão foi impulsionada por declarações do presidente da instituição, Andrew Bailey, que sinalizou a necessidade de uma política monetária mais branda para impulsionar a economia do País.

Além do Reino Unido, o mercado financeiro global acompanha com atenção a decisão de política monetária do México e as expectativas para a economia dos Estados Unidos.

A possibilidade de cortes nos juros pelo Federal Reserve (FED) aumenta diante dos sinais de desaceleração econômica no País.

Entretanto, a postura cautelosa da autoridade monetária norte-americana reflete as incertezas trazidas pela guerra comercial que envolve o presidente Donald Trump.

O mercado permanece atento à evolução das negociações entre Washington e Pequim, fator determinante para a estabilidade econômica global.

Alemanha

Os pedidos industriais alemães aumentaram significativamente mais do que o esperado em dezembro devido ao crescimento substancial em pedidos de grande escala, como aeronaves, navios, trens e veículos militares, informou o escritório federal de estatísticas, o Destatis, nesta quinta-feira (6).

Os pedidos aumentaram 6,90% em relação ao mês anterior, em uma base ajustada sazonalmente e pelo calendário, informou o escritório.

Uma pesquisa da Reuters com analistas apontou um aumento de 2,0%.

Os pedidos caíram inesperadamente em novembro para um índice ligeiramente revisado para cima de 5,2% em comparação ao mês anterior.

As informações são de Reuters.

Japão

Um dos nove dirigentes de política monetária do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Naoki Tamura, defendeu a necessidade de aumentar os juros para, pelo menos, 1% no segundo semestre.

Zona do Euro

Na região da Zona do Euro, serão informados números de vendas do setor de varejo no mês de dezembro de 2024.

EUA

Nos EUA, são repercutidos os números de pedidos semanais de auxílio-desemprego e do custo unitário da mão de obra no quarto trimestre de 2024.

Christopher Waller e Lorie Logan, dirigentes do Federal Reserve (FED), discursam ao longo desta quinta-feira (6).

Entre os balanços, investidores norte-americanos digerem os números de Amazon, ArcelorMittal, Bombardier, ConocoPhillips, ING e Société Générale.

Na sessão anterior, de acordo com a ADP, o setor privado dos Estados Unidos (EUA) criou 183.000 empregos em janeiro. O mercado aguardava 150.000. E a criação de empregos em dezembro foi revisada para cima, de 122.000 para 176.000.

Commodities e desempenho das Bolsas ao redor do mundo

As perdas nas commodities provocaram ajustes no câmbio e nos juros futuros. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, foi impulsionado pelos resultados financeiros robustos do Santander (SANB11), enquanto a quinta-feira refletiu o impacto do balanço do Itaú (ITUB4), que apresentou queda de 2% no after-hours.

Nos mercados internacionais, a Amazon (AMZO34) se destacou positivamente após o fechamento do pregão. No entanto, o desempenho das big techs foi desigual, e limitou a recuperação de Wall Street. Empresas como Alphabet (GOGL34) e AMD registraram quedas expressivas de 7,50% e 6,20%, respectivamente, pressionadas por tarifas elevadas e resultados abaixo das projeções.

Destaques de empresas do Brasil

No Brasil, o Santander (SANB11) liderou os ganhos e avançou 6,20% após reportar um lucro recorrente de R$ 3,8 bilhões no quarto trimestre de 2024. O resultado representa um crescimento de 74,90% na base de comparação anual e de 5,2% em comparação ao trimestre anterior.

Outra grande vencedora foi a Embraer (EMBR3), que viu suas ações dispararem 15,50% após o anúncio de um contrato de US$ 7,0 bilhões com a Flexjet, para a venda de jatos executivos Phenom e Praetor. Esse foi o maior pedido da fabricante brasileira em três décadas.

o Itaú (ITUB4) reportou um lucro de R$ 10,884 bilhões no quarto trimestre, um aumento de 15,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A instituição prevê um 2025 mais conservador em termos de concessão de crédito, mas aposta em um crescimento expressivo das margens com clientes.

Brasil

Na agenda desta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede entrevista a rádios da Bahia (BA) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informa o Índice de Variação de Aluguéis (IVAR) relativo ao mês de janeiro.

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), discursa sobre meios de pagamentos em evento do BIS.

Às 11:00, foi programado um leilão de títulos prefixados do Tesouro Nacional.

Haddad detalha planos para Imposto de Renda (IR) e ajustes fiscais

Em entrevista concedida à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), reafirmou o compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de isentar do Imposto de Renda (IR) quem recebe até R$ 5 mil mensais a partir de janeiro de 2026. Para viabilizar essa medida, o governo pretende compensar a arrecadação com a tributação de rendimentos acima de R$ 50 mil por mês.

Haddad confirmou a taxação de dividendos e argumentou que muitos se aproveitam das brechas da lei para não pagar imposto. O ministro defendeu a política fiscal do governo federal e rejeitou as críticas de que a gestão negligencia a questão doméstica. Além disso, afastou a possibilidade de o Brasil caminhar rumo à chamada dominância fiscal.

Outro ponto de destaque na entrevista foi a resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a medidas de ajuste fiscal. Haddad afirmou que tudo o que você leva para a mesa do presidente, ele leva a sério e assimila a necessidade de tomar as medidas, e reforça que o governo está atento às demandas econômicas do País.

Haddad contou na entrevista que, na conversa com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos – PB), na quarta-feira (5), discutiu dois temas importantes: os supersalários do Poder Judiciário e a aposentadoria dos militares, e que existe boa vontade de reabrir esses debates.

Riscos da política comercial de Donald Trump

Os investidores de Wall Street seguem confiantes de que um acordo entre Estados Unidos (EUA) e China vai ser alcançado, mas consultorias alertam para os riscos de uma escalada da guerra comercial. A Capital Economics destacou que Trump não seria confiávele pode adotar novas medidas protecionistas que impactariam o comércio global.

Além das tarifas impostas, existem rumores sobre a implementação de sobretaxas à União Europeia e até mesmo de uma tarifa universal de 10% sobre importações. O Banco da Inglaterra (BoE) reagiu a essas incertezas e vendeu ouro com desconto, numa busca para minimizar possíveis impactos das sanções americanas.

No Brasil, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que vai responder caso o País seja atingido por medidas protecionistas impostas pelos Estados Unidos.