ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:
- Fechamento: Dólar comercial (compra): +0,67%, cotado a R$ 5,89.
- – 9:18: Dólar comercial (compra): -0,18%, cotado a R$ 5,840.
Na sessão anterior…
Na última segunda-feira (14), o dólar comercial (compra) fechou em queda de 0,34%, cotado a R$ 5,851.
O que influencia o dólar?
A recente flexibilização temporária das tarifas nos Estados Unidos (EUA), inclusive isenções para produtos eletrônicos, trouxe um alívio momentâneo aos ativos de risco e enfraqueceu o dólar frente a outras moedas, como o real.
No entanto, esse movimento tem sido visto como passageiro, uma vez que qualquer sinal de reversão — com novas tarifas ou aumento das atuais — tende a pressionar o dólar para cima novamente.
No Brasil, o diferencial de juros continua como um fator importante de sustentação para o real.
A taxa básica Selic (14,25%) elevada em relação à taxa norte-americana (4,25% a 4,50%) atrai capital estrangeiro, o que contribui para a valorização da moeda brasileira frente ao dólar, ainda que de forma limitada diante da instabilidade externa.
A política monetária do Federal Reserve (FED) também centraliza as atenções.
O dirigente Christopher Waller reforçou a possibilidade de cortes nos juros caso os impactos das tarifas desacelerem a economia ou aumentem o risco de recessão.
Isso pode enfraquecer o dólar, uma vez que juros mais baixos reduzem a atratividade dos ativos denominados na moeda norte-americana.
Por outro lado, a inflação de curto prazo pode subir devido ao repasse dos custos das tarifas aos consumidores, o que criaria uma tensão entre combater a inflação e manter o crescimento.
Outro elemento relevante tem sido o contexto geopolítico e comercial. A União Europeia e outros países devem tentar negociar com Donald Trump durante o período de isenção tarifária.
Esses movimentos diplomáticos podem influenciar as expectativas do mercado financeiro global, tanto em relação à inflação global quanto ao crescimento, com reflexos diretos sobre o câmbio.
Brasil
Nesta terça-feira (15), o mercado financeiro local observa o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de abril, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
IGP-10 cai 0,22% em abril
Os preços ao produtor e ao consumidor contribuíram para a desaceleração do IGP-10 em abril, com destaque para as principais commodities e energia.
Orçamento
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresenta o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, com a meta de superávit primário de 0,25%, nesta terça-feira (15).
Precatórios
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê gastar cerca de R$ 115 bilhões com precatórios no Orçamento de 2026, de acordo com as estimativas preliminares da equipe econômica.
A partir de 2027, o governo vai precisar registrar todos os gastos com sentenças judiciais como despesa primária, o que pressiona as contas públicas.
Em 2025, o governo deve pagar R$ 102,30 bilhões em precatórios e requisições de pequeno valor – R$ 52,70 bilhões fora do limite de gastos.
A equipe econômica avalia pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais prazo para manter parte dessas despesas fora do teto e da meta fiscal após 2026.
Isenção do Imposto de Renda
O projeto de lei que isenta quem ganha até R$ 5 mil inclui a compensação fiscal pela nova tabela do Imposto de Renda (IR), de acordo com o Ministério da Fazenda.
A atualização vai ter impacto fiscal de R$ 3,290 bilhões em 2025, R$ 5,34 bilhões em 2026 e R$ 5,730 bilhões em 2027.
Mesmo sem exigência da LRF, a Pasta garantiu compensação global para os três anos por meio do PL 1.087/2025.
A Medida Provisória (MP) elevou o limite de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para R$ 2.428,80, e garantiu que rendas até dois salários mínimos fiquem livres de imposto a partir de maio.
EUA
Nesta terça-feira (15), o mercado norte-americano está com a agenda de indicadores esvaziada.
Do lado de eventos, investidores monitoram o discurso da diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook.
Risco Donald Trump?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, influencia os mercados com declarações contraditórias sobre tarifas, gera incertezas e oscilação nas Bolsas.
Na noite anterior, os futuros de Nova York caíram, mesmo após um pregão positivo, com o anúncio inesperado de isenção temporária para eletrônicos e setor automotivo.
A Alfândega dos EUA surpreendeu ao excluir eletrônicos de tarifas elevadas sem explicações, o que indicou um recuo estratégico na política comercial. No entanto, Trump negou o recuo e disse que a isenção seria temporária e prometeu novas tarifas sobre semicondutores e toda a cadeia de eletrônicos.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, anunciou que novas taxas para semicondutores devem sair ainda nesta semana, ampliando tensões no setor.
Trump também abriu nova frente na guerra comercial ao mirar a indústria farmacêutica, inclusive medicamentos e ingredientes ativos. Segundo a Bloomberg, essas medidas podem afetar setores que movimentam bilhões, como chips e grandes farmacêuticas como Merck e Eli Lilly.
Trump sinalizou isenção temporária para tarifas sobre veículos e peças, com tempo às montadoras para produzir nos EUA. A declaração impulsionou ações da Ford e GM, mas ambas acumulam quedas expressivas desde sua eleição.
Mesmo que admita impacto nos preços e produção, Trump manteve tarifas de 25% sobre veículos e peças, válidas desde o dia 3 de abril.
Choque econômico
O FED classificou a nova política tarifária dos EUA como um dos maiores choques econômicos em décadas e alertou para alta incerteza nos negócios.
Christopher J. Waller, membro influente do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), disse que as tarifas são muito mais altas do que esperava e podem dificultar o combate à inflação e o pleno emprego.
Ele apresentou dois cenários: um com tarifas médias de 25%, exigindo resposta monetária rápida, e outro mais brando, com tarifa média de 10%.
No cenário agressivo, a inflação pode chegar a 5%, mas com desaceleração econômica forte ainda este ano e ritmo fraco em 2026.
Segundo Waller, tarifas mais altas reduzem gastos e investimentos, e, se houver risco de recessão, ele defende corte de juros mais cedo e de forma intensa.
Para ele, uma desaceleração forte, mesmo com inflação acima de 2%, representa risco maior que uma inflação temporária causada pelas tarifas.
No cenário com tarifas de 10%, a inflação pode chegar a 3%, com impacto negativo menor sobre produção e emprego.
Esse segundo cenário exigiria menos urgência para cortar juros, e permitiria ao FED reagir com mais calma.
Projeções inflacionárias
Para um ano, as expectativas de inflação nos EUA subiram para 3,6% em março, contra 3,10% em fevereiro, de acordo com o Federal Reserve de Nova York.
Para três anos, a expectativa de inflação segue em 3%, e para cinco anos, em 2,90%, o que indicaria estabilidade no longo prazo.
O pessimismo dos consumidores aumentou: 30% das famílias esperam estar em pior situação financeira em um ano, maior nível desde outubro de 2023.
A percepção de risco no emprego também cresceu: 44,4% dos entrevistados acreditam que podem perder o trabalho nos próximos 12 meses, maior patamar desde abril de 2020.