Economia

DÓLAR HOJE - Juros do Fed e Selic a 13,25% influenciam câmbio, com PIB dos EUA e juros da Europa no radar

Na última quarta-feira, 29 de janeiro, o dólar comercial (compra) fechou em queda de 0,06%, cotado a R$ 5,866

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ATUALIZAÇÃO DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • 17:00: Dólar comercial (compra): -0,24%, cotado a R$ 5,851.
  • 09:05 – Dólar comercial (compra): +0,59%, cotado a R$ 5,899.

Na sessão anterior…

Na última quarta-feira, 29 de janeiro, o dólar comercial (compra) fechou em queda de 0,06%, cotado a R$ 5,866.

O que influencia o dólar?

Nos Estados Unidos (EUA), o Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros inalterada, reforçando o compromisso de trazer a inflação à meta de 2%.

O tom hawkish do comunicado, sem menção ao progresso na desinflação, sinaliza que os juros podem permanecer altos por mais tempo.

Isso tende a fortalecer o dólar globalmente, pois mantém os ativos americanos atrativos para investidores em busca de segurança e bons retornos.

Além disso, a incerteza sobre as políticas de Donald Trump adiciona volatilidade ao cenário.

Já no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 13,25% ao ano, aumentando o diferencial de juros em relação aos EUA.

Esse movimento favorece o carry trade, estratégia em que investidores estrangeiros tomam dinheiro em mercados de juros baixos (como os EUA) e aplicam em mercados de juros altos (como o Brasil), o que gera uma demanda adicional por reais e pode fortalecer a moeda brasileira.

Dessa forma, a trajetória do dólar agora dependerá da percepção do mercado sobre o futuro da Selic e do Fed.

Se a sinalização de um novo aumento da Selic em março continuar atraindo fluxo de capital externo, o real pode ganhar força.

Porém, a falta de um guidance mais claro sobre a inflação no Brasil e as preocupações com a política fiscal ainda pesam, o que pode limitar essa valorização e impulsionar o preço do dólar.

Brasil

Nesta quinta-feira (30), o mercado financeiro local observa o índice geral de preços – mercado (IGP-M), a ser divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Além disso, o Tesouro Nacional informa o resultado primário do governo central em 2024 e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Caged de 2024.

Selic a 13,25%

O mercado temia um relaxamento na política monetária do Banco Central (BC), mas o Comitê de Política Monetária (Copom) dissipou essas preocupações. Apesar de alguns economistas considerarem a mensagem “dovish“, a curva de juros trará a resposta definitiva.

O comunicado de alta veio firme, destacando desafios externos, dinamismo da economia e do mercado de trabalhodesvalorização cambial e alta recente da inflaçãoEsses fatores reforçam a necessidade de cautela.

Além disso, o Copom manteve o alerta sobre a política fiscal, reconhecendo seu impacto nos preços dos ativos e nas expectativas dos agentes, o que eleva a incerteza no cenário econômico.

A decisão também acompanhou as projeções do Boletim Focus, elevando a estimativa de inflação para 2024 de 4,5% para 5,2%, ainda abaixo da expectativa do mercado, mas bem acima da meta.

Para o terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária, o Banco Central projeta uma inflação de 4%, reforçando sua preocupação com o cenário inflacionário no médio prazo.

Os principais riscos inflacionários seguem assimétricos para cima, incluindo a desancoragem das expectativas, a persistência da inflação de serviços e uma taxa de câmbio continuamente depreciada.

Diante desse quadro, o Copom justificou a elevação da Selic para 13,25% e sinalizou um novo aumento de 100 pontos-base na próxima reunião, levando a taxa para 14,25%.

Para maio, o BC evitou compromissos diretos, mantendo flexibilidade diante das incertezas. No entanto, reforçou que o ciclo total de aperto monetário dependerá do compromisso firme com a convergência da inflação à meta.

Um ponto que gerou estranhamento foi a inclusão de uma desaceleração econômica mais intensa como fator de risco baixista.

Além disso, o comunicado não abordou de forma incisiva a piora recente nas expectativas.

Reação do mercado a Selic

Os economistas divergiram na interpretação do comunicado do Copom. Enquanto alguns viram um tom conservador, outros consideraram a postura mais branda do que o esperado.

Drausio Giacomelli (Deutsche) alerta para uma possível dominância fiscal. Já Roberto Padovani (BV) destaca que o BC manteve austeridade, mesmo sob nova direção.

Sérgio Goldenstein (Warren Investimentos) reconhece que o mercado esperava um tom mais hawkish, mas não descarta uma Selic acima de 14,75% devido a riscos fiscais e externos.

Citi também vê os gastos fiscais como fator de pressão sobre a inflação subjacente e projeta uma Selic de 15,50% em junho.

Na ponta dovish, Itaú XP avaliam que os juros podem não subir tanto. O Itaú vê um pico de 15,75%, mas sugere que o Copom pode encerrar o ciclo antes.

Bradesco e BofA projetam Selic terminal de 15,25%, com altas de 1 ponto-percentual em março e duas de 50pb em maio e junho, conforme o BofA.

O ex-diretor do BC, Fabio Kanczuk, classificou o comunicado como “o mais dovish possível”, mas admite que o tom pode mudar caso o mercado reaja mal.

Marco Caruso (Santander) também leu o comunicado como dovish e prevê desaceleração no ritmo de alta da Selic para 50 ou 75pb em maio.

Crédito consignado

Uma nova crise se desenha com o governo estudando um teto para os juros do crédito consignado no setor privado. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP) confirmou que o debate está em andamento.

O economista Nicolas Borsoi (Nova Futura) alerta que a medida contraria a política do Copom, estimulando o crédito e reduzindo o desaquecimento da demanda agregada.

Isaac Sidney, presidente da Febraban, destaca o impacto potencial: o volume de crédito consignado pode triplicar, saltando de R$ 40 bilhões para até R$ 130 bilhões.

A notícia influenciou o mercado, elevando os juros futuros de curto prazo no fechamento.

EUA

Nesta quinta-feira (30), o mercado norte-americano monitora a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos (EUA), referente ao quarto trimestre de 2024.

Além disso, será informado o volume de pedidos de auxílio-desemprego na semana.

Juros nos EUA

Em comunicado, o Fed reforçou que o crescimento econômico permanece sólido, e que a redução do balanço patrimonial prosseguirá no ritmo estabelecido.

Além disso, o banco enfatizou uma percepção de riscos “praticamente equilibrados” para as metas de emprego e inflação.

Nicolas Borsoieconomista-chefe da Nova Futura Investimentos, afirmou que o banco central norte-americano trouxe uma mensagem de que a inflação parou de progredir em direção à meta e que o mercado de trabalho segue apertado.

“De concreto, o Fed deve pausar o ciclo de juros até o 2º trimestre de 2025, pelo menos. Vamos ver se Powell [presidente do Fed] muda o tom na coletiva, mas essa linguagem seria perfeitamente consistente com um ciclo de alta de juros, apesar de acreditar que ainda é incipiente para esse movimento”, afirmou o economista.

Europa

Zona do Euro – Banco Central Europeu (BCE) informa a decisão para a política monetária.