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DÓLAR HOJE - Trump ameniza pressão sobre China e Jerome Powell, e Livro Bege e PMIs influenciam o câmbio

Na última terça-feira (22), o dólar comercial (compra) fechou em queda de 1,32%, cotado a R$ 5,727.

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ATUALIZAÇÕES DA COTAÇÃO DO DÓLAR:

  • – 9:24: Dólar comercial (compra): -0,72%, cotado a R$ 5,686.

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Na última terça-feira (22), o dólar comercial (compra) fechou em queda de 1,32%, cotado a R$ 5,727.

O que influencia o dólar?

Após o feriado prolongado no Brasil, investidores globais mostraram aversão aos ativos norte-americanos, movimento impulsionado por incertezas na política monetária dos Estados Unidos e declarações do presidente Donald Trump sobre o comando do Federal Reserve (Fed).

Embora Trump tenha dito, na última terça-feira (22), que não pretende demitir Jerome Powell, o mandatário voltou a defender cortes agressivos de juros no país.

O recuo do presidente norte-americano em sua posição contra o FED gerou reação positiva no mercado, pois o movimento indica a manutenção da independência da autarquia — princípio considerado essencial para a credibilidade da política monetária.

Fatores que influenciam o câmbio no Brasil

Já no Brasil, a recuperação dos preços do petróleo — commodity relevante para a balança comercial brasileira — ajudou a impulsionar o real.

Além disso, a taxa básica de juros Selic em 14,25% ao ano (a.a.) continua a atrair fluxo estrangeiro, ainda que em sua maioria especulativo, em busca de rendimentos mais altos.

Propostas alternativas às tarifas de importação implementadas pelos EUA

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, da Indústria, do Comércio e dos Serviços, Geraldo Alckmin (PSB-SP), também contribuiu para o otimismo com o anúncio de uma nova política tarifária voltada à reindustrialização. A proposta prevê a redução de impostos sobre produtos não fabricados no Brasil, e incentiva a importação de insumos e o crescimento do setor industrial.

O que pensa o Banco Central?

Do lado do Banco Central (BC), o presidente Gabriel Galípolo sinalizou que a inflação segue pressionada, mas a economia permanece aquecida. Ele ainda destacou o cenário externo como fonte principal de incertezas, principalmente diante da expectativa de efeitos inflacionários nos EUA devido à nova rodada de tarifas comerciais.

Risco de recessão em todo o mundo cresce

De acordo com o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Pierre-Olivier Gourinchas, o risco de recessão global subiu de 17,0% para 30,0%, em grande parte por conta da guerra comercial.

O FMI, inclusive, revisou para baixo suas projeções de crescimento.

EUA e China mantêm diálogo, afirma Casa Branca

Apesar disso, a Casa Branca sinalizou que um acordo com a China está em negociação, embora o formato e os prazos ainda sejam incertos.

Na última terça-feira (22), Trump também sinalizou que as tarifas impostas pelos EUA a produtos chineses, oficialmente de 145%, não serão tão altas, o que alimenta esperanças de que Washington e Pequim negociem um acordo comercial.

Brasil

Nesta quarta-feira (23), o mercado financeiro local lida com uma agenda de indicadores esvaziada.

Entre os eventos, investidores acompanham o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em cerimônia promovida pela CNN Brasil, em Brasília (DF).

Além disso, observam a participação de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), na reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.

FMI

Na última terça-feira (22), o FMI cortou a previsão de crescimento global para 2025, de 3,30% para 2,8%, e citou incertezas causadas pelas tarifas dos Estados Unidos (EUA).

Apesar da revisão, o FMI destacou que os índices de crescimento ainda estão bem acima dos níveis associados à recessão.

Para 2026, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) mundial caiu de 3,30% para 3%, em reflexo às preocupações com o cenário internacional.

Nos EUA, a guerra comercial deve provocar um choque de oferta, pressionar preços e reduzir a produtividade, segundo o relatório.

Parceiros comerciais dos EUA enfrentarão um choque de demanda, com impactos negativos sobre produção e preços.

O FMI elevou a probabilidade de recessão nos EUA neste ano de 27,00% para 40,00%, embora espere que o país evite a contração.

A previsão de crescimento dos EUA caiu para 1,80% em 2025 e 1,70% em 2026, em reflexo ao impacto do conflito comercial.

O FMI também ajustou para cima a previsão de inflação americana em 2025, de cerca de 2% para 3,0%.

A China deve crescer 4% em 2025 e 2026, ao Pequim adotar política fiscal expansiva para atenuar efeitos das tarifas.

O FMI concluiu que uma redução nas tensões comerciais e solução de disputas sobre barreiras não tarifárias melhoraria o cenário global.

Já em relação ao Brasil, o FMI revisou positivamente suas estimativas de crescimento, ao projetar uma expansão do PIB de 2,0% para 2025 e 2026.

Agenda presidencial e política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quarta-feira (23) de jantar com Hugo Motta (Republicanos-PB) e líderes da Câmara dos Deputados após o PL, de Jair Bolsonaro (PL), pedir urgência para o projeto que anistia presos dos atos golpistas de 8 de Janeiro.

De acordo com assessores, Lula vai tentar dissuadir os parlamentares de avançar com a proposta de anistia durante o encontro.

Amanhã (24) à noite, o presidente embarca para Roma, onde acompanha o funeral do Papa Francisco no sábado (26).

Integram a comitiva oficial os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso.

Brasil fora do conflito entre EUA e China

Lula afirmou que o Brasil não quer escolher entre EUA e China na disputa comercial e defendeu relações comerciais com ambos os países.

De acordo com o presidente, cabe aos empresários brasileiros decidirem com quem negociar, enquanto o governo busca ampliar e diversificar parcerias.

O presidente defendeu um processo de negociação com os EUA sobre tarifas e reafirmou a importância do multilateralismo para equilibrar as relações globais.

Lula criticou a disputa comercial iniciada por Donald Trump e alertou que, sem diversificação, o Brasil pode seguir pobre por mais um século.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, também rejeitou guerras comerciais e destacou a importância da cooperação sul-americana e do livre comércio.

EUA

Nesta quarta-feira (23), o mercado norte-americano observa o Livro Bege, que vai servir de base para a próxima reunião de política monetária, do Federal Reserve (FED), no dia 7 de maio.

Além disso, serão acompanhados de perto os números do Índice dos Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto, em versão preliminar de abril.

Do lado dos eventos, investidores seguem atentos a falas de dirigentes do Federal Reserve.

Dessa vez discursam: Austan Goolsbee (10:00), Christopher Waller (10:30) e Beth Hammack (19:30).

Trump negou a demissão de Jerome Powell

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não pretende demitir Jerome Powell do comando do FED, apesar das críticas recentes à política de juros da instituição.

O ex-presidente disse desejar cortes nas taxas de juros e criticou Powell por agir de forma “tardia” em relação a esse tema.

Trump chegou a sugerir que, se pedisse, Powell deixaria o cargo, mesmo sem ter autoridade legal para demiti-lo.

As taxas atuais, entre 4,25% e 4,50%, são consideradas altas, e Trump defende reduções para estimular a economia.

O Federal Reserve (FED) atua de maneira independente e a legislação dos EUA impede que o presidente remova seu chefe sem justa causa.

Europa

Zona do Euro – Em Washington, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), afirmou à CNBC que não vê risco de recessão na Zona do Euro, apesar do impacto negativo das tarifas no crescimento.

Ela disse acreditar que existe margem para negociar tarifas com os EUA e destacou a valorização do euro, em contrariedade às previsões de fortalecimento do dólar.

Luis de Guindos, vice do BCE, afirmou em Madri que o euro pode se tornar reserva de valor alternativa ao dólar no futuro.

Segundo ele, isso vai depender de uma maior integração europeia, o que aumentaria a influência global da moeda nos próximos anos.

PMI – O PMI composto da Zona do Euro caiu de 50,90 em março para 50,10 pontos em abril, o menor nível em quatro meses e frustrando expectativas.

No setor de serviços, o índice recuou de 51,0 para 49,70, abaixo do esperado – o pior resultado em cinco meses.

Em contraste, o PMI industrial subiu levemente de 48,6 para 48,70 pontos – o maior nível em vinte e sete meses e maior que previsões.

Leituras acima de 50 indicam expansão econômica, enquanto valores abaixo desse patamar sinalizam contração.

Ásia

Japão – O PMI composto da S&P Global subiu de 48,90 em março para 51,10 pontos em abril – retorno à expansão da atividade econômica.

O setor industrial avançou de 46,6 para 48,90 pontos, enquanto o PMI de Serviços subiu de 50,0 para 52,20 pontos – um sinal de recuperação.