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China prepara “esforços extraordinários” para lidar com tarifas dos EUA, diz jornal local

Segundo a publicação, o governo chinês pode adotar medidas emergenciais, inclusive cortes nas taxas de juros, “a qualquer momento”, se for necessário

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Donald Trump e Xi Jinping

Em meio à escalada das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, um jornal estatal do Partido Comunista Chinês, o Diário do Povo, afirmou nesta segunda-feira (7) que o país asiático vai fazer “esforços extraordinários” para conter os impactos das tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump (Partido Republicano).

Segundo a publicação, o governo chinês pode adotar medidas emergenciais, inclusive cortes nas taxas de juros, “a qualquer momento”, se for necessário.

As ações visam estimular o consumo interno e promover estabilidade nos mercados financeiros locais.

O editorial destaca que a China afirma estar preparada para reagir rapidamente ao cenário de instabilidade global gerado pelas novas tarifas.

Esforços para proteger a economia da China

De acordo com o jornal, as medidas econômicas a serem implementadas terão como foco fortalecer a demanda interna e garantir a continuidade da cadeia produtiva. “Os esforços promovidos pela China serão destinados a impulsionar o consumo doméstico e adotar medidas concretas para estabilizar os mercados”, afirma o texto oficial.

A publicação ressaltou a interdependência econômica entre as duas maiores potências do mundo.

Muitos produtos nos Estados Unidos são altamente dependentes da China. Atualmente, os Estados Unidos não podem prescindir da China não apenas para muitos bens de consumo, mas também para muitos bens de investimento e produtos intermediários. A taxa de dependência de diversas categorias ultrapassa 50%, e vai ser difícil encontrar fontes alternativas no mercado internacional no curto prazo. No contexto da profunda integração das cadeias globais de produção e fornecimento, impossível que o comércio entre China e EUA seja completamente interrompido”, destacou.

Origem das tarifas

As novas tarifas dos Estados Unidos sobre a China entraram em vigor em 3 de março, com alíquotas de 20%, o dobro do percentual inicialmente anunciado por Trump. O presidente justificou o aumento como uma resposta ao “fracasso [da China] em lidar com o fluxo de fentanil para os Estados Unidos”.

No dia seguinte (4), a China reagiu e impôs tarifas de 10% a 15% sobre uma série de produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos. Algodão, trigo, milho e frango passaram a ser taxados em 15%. Soja, frutas, vegetais, laticínios e carnes bovina e suína receberam tarifas de 10%.

Pequim também incluiu 25 empresas dos EUA em uma lista de restrição de investimentos no território chinês, sem divulgar os nomes das companhias afetadas.

Escalada de tensões e retaliações entre China e EUA

Na quarta-feira (2), Trump anunciou um novo pacote de tarifas, e impôs alíquotas recíprocas a produtos de 185 países. A China, diretamente afetada com uma taxa de 34%, respondeu com mais retaliações.

Na sexta-feira (4), o Ministério do Comércio da China confirmou a aplicação de tarifas adicionais de 34% sobre todas as importações dos Estados Unidos, com vigência a partir de 10 de abril, um dia após a entrada em vigor das tarifas norte-americanas.

O porta-voz do Ministério do Comércio classificou a ação de Trump como uma “prática típica de bullying unilateral”, mas defendeu o diálogo. “Não há vencedores em uma guerra comercial”, afirmou em comunicado na quinta-feira (3.abr).

Já o Ministério das Relações Exteriores da China adotou tom mais incisivo: “Tentar aplicar pressão extrema contra a China foi um grave erro de cálculo”.

Bolsas asiáticas reagem em queda acentuada

Sob o impacto das tarifas e das represálias comerciais, as bolsas asiáticas encerraram o pregão desta segunda-feira (7) em forte queda. O índice Nikkei 225, de Tóquio, chegou a acionar o circuit breaker após registrar desvalorização de 8%, em reflexo ao nervosismo dos investidores com o agravamento da guerra comercial.

Veja o desempenho das principais bolsas da Ásia:

  • Nikkei 225 (Tóquio, Japão): -7,68%
  • Kospi (Seul, Coreia do Sul): -5,57%
  • Hang Seng (Hong Kong): -13,22%
  • CSI 1000 (China): -11,39%
  • SZSE Component (China): -9,66%
  • Shanghai Composite (Xangai, China): -7,34%
  • S&P/ASX 200 (Sydney, Austrália): -4,23%