De olho na cena externa

Como as tarifas de Trump podem influenciar a decisão dos juros nos EUA pelo FED?

A decisão do Banco Central norte-americano tem sido amplamente aguardada, em meio às tarifas de importação implementadas pelo governo Donald Trump e os possíveis riscos inflacionários à cena doméstica que podem suceder a medida comercial

Donald Trump
Crédito: Reprodução

Nesta quarta-feira, 19 de março, o Federal Reserve (FED) delibera sobre a trajetória dos juros dos Estados Unidos (EUA). A decisão do Banco Central norte-americano tem sido amplamente aguardada, em meio às tarifas de importação implementadas pelo governo Donald Trump e os possíveis riscos inflacionários à cena doméstica que podem suceder a medida comercial.

Em geral, o mercado financeiro mantém a projeção de que o FED mantenha a taxa de juros na atual faixa de 4,25% a 4,50% ao ano (a.a.).

De acordo com o economista Luiz Arthur Fioreze, diretor de Gestão de Fundos da Oryx Capital, a justificativa para essa manutenção seria aguardar a consolidação de sinais de que a inflação – que ainda permanece acima da meta de longo prazo de 2% ao ano – ceda de forma consistente.

Fioreze relembra que o cenário tem sido sustentado por um equilíbrio entre os riscos de inflação e um mercado de trabalho robusto, mas o economista alerta para os riscos da nova política tarifária implementada por Donald Trump.

Se essas tarifas forem elevadas de forma estrutural, os produtos na economia doméstica dos EUA podem se tornar mais caros, o que, por sua vez, pressionaria a inflação para cima, já que o custo de uma política protecionista acaba sendo repassado ao consumidor final. No caso dos EUA, a nova política tarifária, a inflação acima da meta e a taxa de juros – alta mesmo pelos padrões históricos americanos – continuam a dificultar a valorização da Bolsa. Contudo, no último ano, o mercado acionário americano tem apresentado performance atrativa, impulsionada pelos progressos em novas frentes de modelos de negócios envolvendo Inteligência Artificial e Computação Quântica”, diz.