O clima entre os funcionários públicos federais dos Estados Unidos tem sido de medo e incerteza nas últimas semanas.
Após a implementação de uma série de medidas pelo presidente Donald Trump, muitos servidores relatam que se sentem em “estado de sítio” e temem estar sendo monitorados.
Além disso, o governo ofereceu um programa de demissão voluntária, que inclui uma indenização de oito meses para aqueles que aceitarem deixar seus cargos.
Clima de tensão e incerteza nos EUA
Com cerca de três milhões de funcionários públicos federais em todo o país, os relatos de angústia e preocupação vêm se intensificando. Muitos servidores preferem não se identificar e utilizam sistemas criptografados para se comunicar, evitando qualquer risco de represálias.
“As pessoas choram nos escritórios de seus supervisores, se perguntando o que vai acontecer com seus empregos”, contou uma funcionária do Departamento do Interior, que trabalha remotamente no oeste dos EUA.
Todos começaram a usar seus telefones pessoais porque temem ser monitorados de alguma forma. É uma loucura.
Outros servidores compartilham do mesmo sentimento e descrevem um ambiente de desconfiança generalizada.
”Todos estão tristes, esperando o impacto. Há muita incerteza, o que gera ansiedade” relatou um funcionário que trabalha remotamente perto de Washington.
Medidas drásticas e monitoramento
Desde seu retorno à Casa Branca, Trump tem assinado decretos que impactam diretamente os servidores federais.
Entre as medidas adotadas estão o desmantelamento de políticas de diversidade, igualdade e inclusão, a suspensão do trabalho remoto, o congelamento de contratações e a imposição de férias compulsórias para funcionários de setores considerados “não essenciais”.
Além disso, um e-mail interno, ao qual a agência de notícias AFP teve acesso, revelou que o governo está incentivando a denúncia de colegas envolvidos com iniciativas de diversidade.
O documento orienta os servidores a relatar “todos os fatos e circunstâncias” relacionados a esses programas.
Reestruturação e cortes de gastos
Durante sua campanha eleitoral, Trump prometeu reduzir gastos públicos e confiou ao bilionário Elon Musk a criação de um “departamento de eficiência governamental”, com o objetivo de reestruturar a administração federal.
Como parte dessa estratégia, o governo lançou um programa de demissão voluntária, oferecendo uma indenização de oito meses para os funcionários que aceitarem deixar seus cargos até 6 de fevereiro. Os pagamentos da indenização serão feitos até 30 de setembro.
A medida tem causado ainda mais preocupação entre os servidores, que temem um impacto ainda maior nos serviços públicos e na estabilidade dos empregos federais.
”Circulam muitos rumores. Todos se reúnem para falar sobre o que ouviram de seus superiores, e as informações são sempre diferentes. Estamos preocupados com os cortes no orçamento”, explicou uma jovem funcionária da Agência de Proteção Ambiental (EPA).
Resistência e incerteza nos EUA
Apesar do clima de tensão, alguns servidores afirmam que as medidas reforçam sua determinação em continuar no cargo.
”De certa forma, isso me motiva ainda mais. Não vou me deixar intimidar”, declarou um funcionário que trabalha remotamente na costa leste.
No entanto, para muitos, a situação já se tornou insustentável. Segundo um veterano do Departamento de Comércio, a angústia crescente tem prejudicado o desempenho dos servidores, tornando difícil manter a produtividade em meio à incerteza.
O Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos aponta que o número de funcionários federais tem se mantido relativamente estável desde os anos 1970, mas as novas políticas do governo Trump podem representar uma mudança drástica nesse cenário.
Com informações de O GLOBO.