Parlamentares sul-coreanos protocolaram nesta quarta-feira (4) um pedido de impeachment contra o presidente Yoon Suk-Yeol, em meio a uma crise política sem precedentes no país.
A medida foi tomada após a controversa declaração de lei marcial pelo presidente, na noite anterior, que foi revogada horas depois devido à forte reação popular e parlamentar.
A proposta de impeachment, apresentada pelo Partido Democrata, ocorre em um momento de grande instabilidade política.
Caso o pedido seja aprovado por dois terços dos 300 deputados da Assembleia Nacional, Yoon vai ser afastado do cargo enquanto o Tribunal Constitucional analisa a decisão.
Durante esse período, o primeiro-ministro Han Duck-soo assume temporariamente as funções presidenciais.
O que levou ao pedido de impeachment?
Na noite de terça-feira (3), Yoon Suk-yeol surpreendeu o país ao anunciar a lei marcial durante um discurso não programado.
A decisão permitiu o envio de tropas militares à Assembleia Nacional, onde cerca de 300 soldados ocuparam o complexo e geraram tensão e comparações com a repressão violenta do levante de Gwangju, há mais de 40 anos.
A declaração de Yoon provocou indignação popular, com milhares de pessoas em protesto nas ruas de Seul.
Os manifestantes pediam a renúncia do presidente, e seguravam cartazes com frases como “Renuncie, presidente Yoon Suk-yeol” e “Investigue seu ato de rebelião imediatamente”.
Diante da pressão popular e do tumulto político, o presidente revogou a lei marcial antes do amanhecer de quarta-feira (4).
No entanto, o episódio deixou marcas profundas em sua gestão e abalou os mercados financeiros, com o índice da bolsa de Seul em queda de 1,4% ao final do dia.
Impacto político da Lei Marcial
A votação do impeachment está prevista para sexta-feira (6).
Embora o Partido Democrata, de oposição, lidere a iniciativa, a aprovação depende do apoio de membros do partido governista, o conservador Partido do Poder Popular, que possui 108 cadeiras na Assembleia Nacional.
Caso o impeachment seja aprovado e confirmado pelo Tribunal Constitucional, novas eleições presidenciais terão que ser realizadas em até 60 dias.
Enquanto isso, o país enfrenta uma grave crise de confiança na liderança presidencial.
A oposição acusa Yoon de ameaçar os pilares da democracia ao usar o aparato militar para tentar consolidar o poder.