
O governo dos Estados Unidos (EUA) está prestes a anunciar uma nova rodada de tarifas de importação que variarão entre 10% e 25%, que incidirão de maneira linear sobre os produtos de cada país.
A medida, que vai ser detalhada oficialmente na quarta-feira (2), pode agravar a pressão sobre o comércio global e afetar diretamente as exportações brasileiras.
De acordo com o que negociadores brasileiros reportaram à coluna de Míriam Leitão, do jornal O Globo, a nova tarifa vai ser somada aos impostos existentes.
No caso do aço, que sofre incidência de 25%, a taxa final pode atingir 40%, a depender do percentual estabelecido para o Brasil.
A incerteza sobre as alíquotas que serão aplicadas a cada nação gera preocupação no setor empresarial e no governo, que intensificou os esforços diplomáticos para reverter a medida.
De acordo com Leitão, a diplomacia brasileira tem atuado de forma direta e equilibrada para mostrar aos EUA que o país está aberto ao diálogo.
A jornalista detalha que a estratégia inclui negociações com a Casa Branca, o Departamento de Estado, o Departamento de Comércio e membros do Congresso norte-americano.
Paralelamente, representantes do setor privado mantêm contatos com a Câmara de Comércio Americana, que se posiciona contra a política tarifária proposta.
O Brasil reforça que não encontra-se entre os quinze países com maior superávit comercial com os EUA, grupo classificado pelo governo americano como “os 15 Sujos“.
Dados do último ano mostram que o Brasil registrou um déficit de US$ 7,0 bilhões no comércio bilateral, e chega a US$ 25 bilhões ao incluir serviços, o que historicamente favorece os Estados Unidos.
Uma das alternativas discutidas seria a imposição de tarifas ao etanol importado dos EUA, medida que poderia impactar setores produtivos no Nordeste e em São Paulo (SP).
No entanto, retaliações comerciais podem gerar efeitos negativos para o próprio Brasil, aumentar a inflação e encarecer insumos essenciais, como fertilizantes e peças para a indústria aeronáutica.
Atualmente, a legislação brasileira impede a criação de tarifas específicas para países, pois segue o “princípio da Nação Mais Favorecida“, da Organização Mundial do Comércio (OMC). No entanto, um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional busca permitir reações a medidas unilaterais contra o Brasil, inclusive possíveis tributações sobre serviços e propriedade intelectual.