Nesta sexta-feira (11), as retaliações comerciais entre China e EUA, marcadas pela elevação das tarifas chinesas a 125% sobre produtos norte-americanos e pelo aumento das tarifas dos EUA para 145% sobre bens chineses na véspera, geraram intensos debates entre analistas de mercado financeiro, professores e pesquisadores.
Economistas alertaram para o risco de uma “crise econômica generalizada“, e apontam que os aumentos tarifários mútuos podem elevar preços, reduzir o consumo e pressionar cadeias de suprimentos.
Russ Mould, analista da AJ Bell, sugeriu que a volatilidade nos mercados acionários pode se prolongar, com “ decepção gradual” nos EUA, enquanto bolsas asiáticas e mercados da Europa oscilam entre alívio temporário e incertezas.
Em nota, o Ministério das Finanças da China classificou as tarifas americanas como “um ato completamente unilateral de intimidação e coerção“, que “viola gravemente as regras do comércio internacional e econômico, as leis econômicas básicas e o bom senso“.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, reforçou que “Pequim se opõe firmemente e jamais aceitaria tais práticas hegemônicas e intimidatórias“.
Pedro Brites, professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisou que as tarifas refletem uma tentativa dos EUA de recuperar hegemonia econômica, mas apontou riscos na estratégia.
O presidente da China, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia (UE) para que se una à oposição contra o que chamou de “ intimidação” dos Estados Unidos. “ Não existem vencedores em uma guerra tarifária“, declarou Xi.
Brites sugere que a China, ao retaliar com 125%, sinaliza não apenas resistência, mas também uma aposta em diversificar parcerias comerciais, como com blocos como a União Europeia e o BRICS.
Além da retaliação tarifária, a missão chinesa junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) informou que apresentou uma nova queixa contra as tarifas impostas pelos EUA.
“ Em 10 de abril, os EUA emitiram uma ordem executiva anunciando um novo aumento das chamadas ‘tarifas recíprocas‘ sobre produtos chineses. A China apresentou uma queixa à OMC contra as mais recentes medidas tarifárias dos EUA“, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio.
No Brasil, analistas se dividem sobre os efeitos da guerra comercial. Enquanto uma parcela observa oportunidades para o agronegócio, uma vez que a China deve buscar alternativas aos EUA, uma parte alerta que a queda na demanda global por commodities pode superar qualquer ganho setorial.