Economia

FED deveria ou não adiantar o ciclo de cortes dos juros? Veja o que diz analista

Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, elogia cautela da autoridade monetária no controle dos números de inflação nos EUA

FED deveria ou não adiantar o ciclo de cortes dos juros? Veja o que diz analista

Ao longo desta terça-feira (21), sete membros do Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, discursam em diversos pontos dos Estados Unidos. Investidores observam falas dos dirigentes Christopher Waller e Michael Barr, além de presidentes de cinco dos doze escritórios regionais da autoridade monetária, dentre eles John Williams (Nova York).

Para Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, o conjunto de declarações deve ser representativo e afinado, mas no sentido do que os investidores não querem ouvir. Todos devem afirmar ser cedo para esperar uma queda consistente dos juros.

A inflação, na visão dos diretores do FED, está longe de convergir para a meta de 2 por cento ao ano. Apesar de as taxas anualizadas terem caído de quase 10 por cento em julho de 2022 para 2,70 por cento nas leituras mais recentes, a redução deve ser interpretada como insuficiente.

“Isso significa que precisaremos dar mais algum tempo para que nossa política restritiva continue a fazer seu trabalho”, disse Michael Barr, em evento realizado pelo escritório regional de Atlanta.

Dentre outras declarações, Barr afirmou que o FED tem cumprido o seu mandato de manter a economia com o maior nível de emprego possível desde que não inflacionário.

O desemprego nos Estados Unidos está em um recorde de baixa. A taxa de desocupação ficou abaixo de 4,0% por vinte e sete meses consecutivos. “Foi o período mais longo em cinco décadas em que isso ocorreu. E em um cenário relativamente benigno, com a inflação em queda e sem grandes solavancos na atividade econômica”, destaca Bevilacqua. 

Na opinião do executivo, mesmo em meio a notícias positivas que poderiam adiantar o início de um ciclo de cortes, os diretores do Federal Reserve não estão rígidos demais. 

“Pergunte a qualquer economista brasileiro com mais de 50 anos e ele vai explicar, detalhadamente, que a inflação é uma doença da economia muito difícil de controlar. Não é possível dizer que ela foi erradicada. No máximo, ela pode permanecer sob controle por períodos longos. No entanto, uma vez que os preços começam a subir de maneira sistemática, é muito difícil baixá-los”, comentou.