
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, divulgou nesta quarta-feira (3) a ata da reunião realizada nos dias 18 e 19 de março, revelando que a autarquia tem preocupação com o cenário de inflação mais persistente e crescimento econômico mais lento no país.
O documento mostra que quase todos os participantes da reunião veem os riscos para a inflação como inclinados para cima. Já os riscos para o mercado de trabalho apontam para baixo.
A reunião aconteceu logo após o anúncio dos primeiros planos tarifários do governo Donald Trump, o que aumentou a incerteza sobre os rumos da economia. Os membros acreditam que o Fed será obrigado a manter as taxas de juros elevadas por mais tempo.
Por outro lado, se a economia der sinais mais claros de enfraquecimento, cortes nos juros podem voltar ao radar.
“Alguns participantes observaram que o Comitê poderia enfrentar difíceis compensações se a inflação se mostrasse mais persistente enquanto as perspectivas de crescimento e emprego se enfraquecessem”, destacou a ata.
Incerteza política pesa nas projeções de inflação
Ainda que a reunião tenha sido realizada antes do anúncio de tarifas por parte de Trump, os efeitos dessas medidas já preocupavam o Fed.
O banco central reduziu suas projeções de crescimento para a economia dos EUA e elevou suas previsões para a inflação em 2025. Além disso, diminuiu a estimativa de cortes de juros neste ano, de três para dois cortes de 0,25 ponto percentual.
A ata também mostra que o Fed está atento às reações dos mercados às decisões políticas. Alguns participantes alertaram que uma “reprecificação abrupta” dos ativos financeiros — como a queda das ações e a alta dos títulos do Tesouro — poderia agravar os impactos de qualquer choque negativo sobre a economia.
Impacto das tarifas
Desde a última reunião do Fed, Trump ampliou as medidas tarifárias contra diversos países, com destaque para a China.
Mesmo com a forte reação do mercado, o ex-presidente publicou em suas redes sociais que está suspendendo parte dos novos impostos por 90 dias, mas manteve as tarifas sobre produtos chineses.