Economia

Focus traz projeções estáveis, mas mercado mostra cautela, diz gestora

O relatório desta semana indicou crescimento de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2024

- REUTERS/Amanda Perobelli
- REUTERS/Amanda Perobelli

Nesta quinta-feira (22), o Banco Central (BC) divulgou o Boletim Focus. O relatório, liberado ao mercado tradicionalmente às segundas, tem sofrido atraso por conta da greve dos servidores da autarquia.

Apesar do imbróglio, os dados trazidos pelo Focus animam os agentes financeiros. “As projeções da Selic [taxa básica de juros] mostram que a inflação está sob controle”, afirma o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike.

“Há quatro semanas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 3,86%. Agora está em 3,81%, o que coloca o índice cada vez mais perto da meta estipulada pela autoridade monetária, que é de 3,25%, com intervalo de 1,5 p.p. para cima ou para baixo. O pior já ficou para trás em relação à inflação no Brasil”, diz.

O executivo elenca que os números trazidos pelo Focus nesta quinta animam em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, visto que já é o terceiro aumento este ano. “Minha expectativa é que o nosso PIB encerre 2024 em 2,2%”, ressalta.

Custo do crédito 

A visão de Eyng acerca do custo do crédito para as empresas se alinha à visão do presidente do BC, Roberto Campos Neto, para quem o mercado está melhorando.

A citação está relacionada aos cortes feitos Selic. Como a autoridade monetária está em ciclo de cortes, significa que os juros estão baixando e, consequentemente, o custo em captar dinheiro fica melhor tanto para as empresas quanto para a população.

Com o crédito mais barato, as companhias podem pegar dinheiro para contratar, expandir a capacidade de produção, comprar maquinário e fomentar outras medidas que beneficiam o mercado. Esta é uma das razões pelas quais Eyng se mostra otimista em relação ao PIB brasileiro ao final de 2024, pois os movimentos que as organizações empresariais estão implementando neste momento estarão mais visíveis à frente.

 

Mercado mostra cautela

O CEO lembra que embora o Brasil esteja bem tanto no campo econômico quanto no campo político, principalmente com os ruídos diminuindo quando o assunto são as empresas públicas, o mercado ainda mantém cautela. 

Entretanto, segundo ele, a questão está mais relacionada aos juros da economia norte-americana do que aos juros brasileiros. “Por lá, havia a expectativa de que o Fed [Federal Reserve, banco central dos EUA] começasse a reduzir os juros já em março. Depois, o mercado precificou que o início do ciclo de cortes seria em maio. Agora, a expectativa está ancorada em junho”, ressalta.

O caso é que as falas dos dirigentes do Fed ainda mostram uma insegurança em cortar os juros antes de domar, efetivamente, a inflação americana. Os dados econômicos por lá estão bastante aquecidos e a autoridade monetária tenta controlar a elevação generalizada de preços com sua política que, como um remédio amargo, prejudica alguns setores, como o financeiro e o mercado de capitais, fazendo com que boa parte dos investidores se posicione em renda fixa.