Tem que cortar, mas...

Governo Lula impulsiona BPC: número de beneficiários cresce 22% e atinge recorde em 2025

Segundo dados mais recentes, referentes a fevereiro de 2025, o programa passou de 5,12 milhões para 6,26 milhões de pessoas atendidas

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) alcançou um saldo positivo de 1,14 milhão de novos beneficiários desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo dados mais recentes, referentes a fevereiro de 2025, o programa passou de 5,12 milhões para 6,26 milhões de pessoas atendidas, um aumento de 22,30%.

O levantamento foi realizado pelo site Poder360 a partir de dados da plataforma Vis Data, abastecida pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Trata-se da maior expansão percentual do BPC nos últimos cinco governos.

  • Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o crescimento havia sido de 10%, com 463,9- mil novos inscritos.
  • Na gestão de Michel Temer (MDB), o aumento foi de 7,8%, enquanto no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) a alta ficou em 4,50%.
  • O primeiro governo Lula, entre 2003 e 2006, registrou a maior expansão, com crescimento de 37,30% e saldo positivo de 924,10 mil cadastros.

Embora o aumento do BPC amplie a rede de proteção social, ele também pressiona as contas públicas. O programa, por ser classificado como despesa obrigatória, não pode ser cortado livremente.

  • O Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, tentou endurecer as regras de acesso ao benefício no pacote fiscal apresentado no fim de 2024, mas enfrentou resistência no Congresso Nacional, o que reduziu o impacto esperado.

Entre janeiro e fevereiro de 2025, o governo promoveu um pente-fino nas concessões do BPC, mas o resultado foi modesto: o saldo negativo foi de apenas 33.966 beneficiários.

A equipe econômica previa o encerramento de 482 mil cadastros no ano, mas a quantidade efetivamente cortada foi 14 vezes menor.

Em 2024, ao contrário, o saldo havia sido positivo, com 582 mil novos beneficiários adicionados.

Apesar dos esforços para conter o crescimento do BPC, as projeções indicam que os gastos com o programa continuarão a subir até 2029.

De acordo com o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026, o governo pretende economizar R$ 15,4 bilhões com revisões e pente-finos, mas o aumento das despesas deve ser quatro vezes maior, a R$ 65,4 bilhões no mesmo período.

Em 2024, todas as unidades da Federação registraram crescimento no número de beneficiários do BPC. Os estados que lideraram o aumento proporcional foram Roraima (+27,8%) e Mato Grosso (+14,6%).

A equipe econômica do governo já projeta uma queda de 96% no valor disponível para despesas discricionárias até 2029, o que vai comprometer ainda mais a capacidade de investimento em áreas estratégicas.