Fiscal

Governo planeja explicar pacote de cortes de gastos em rede nacional, diz site

Passagem pela televisão traria Fernando Haddad, em uma ideia de reforçar a imagem do ministro da Fazenda como articulador econômico

Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e presidente eleito Lula (PT) - Ricardo Stuckert
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e presidente eleito Lula (PT) - Ricardo Stuckert

O Palácio do Planalto considera colocar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em rede nacional de televisão para apresentar o aguardado pacote de cortes de gastos públicos, informou o jornal O Estado de S.Paulo.

A medida, que enfrenta resistência entre os eleitores mais à esquerda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, busca acelerar as discussões sobre o tema e mostrar comprometimento com o equilíbrio fiscal.

O que está em jogo?

O pacote, já em fase final de ajustes, deve ser anunciado até o fim desta semana.

As propostas serão encaminhadas ao Congresso Nacional, mas sua aprovação ainda este ano enfrenta barreiras.

O recesso parlamentar iminente, uma agenda cheia de prioridades governamentais e o impasse sobre emendas parlamentares tornam improvável sua votação antes de 2024.

Entre as medidas previstas, destacam-se:

  • Otimização de políticas sociais: o governo estuda o uso de biometria e ampliação das revisões cadastrais para evitar irregularidades em benefícios sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
  • Manutenção do vínculo com o salário mínimo: apesar dos ajustes, o governo descartou desvincular benefícios sociais do piso salarial.

O momento de Haddad

A ideia de Haddad liderar o pronunciamento busca reforçar sua imagem como articulador econômico e enfrentar diretamente as críticas às medidas de austeridade.

No entanto, o ministro enfrenta o desafio de equilibrar as expectativas do mercado, que deseja ações firmes, com a base eleitoral de Lula, historicamente avessa a cortes que afetem os mais vulneráveis.

Próximos passos

O pacote vai ser apresentado ao presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em reunião de líderes amanhã, segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA).

Enquanto isso, o Planalto aposta que um discurso direto em rede nacional pode ajudar a construir apoio público para medidas difíceis, mas consideradas essenciais para a sustentabilidade fiscal do País.

Com o anúncio iminente, o governo se prepara para testar sua capacidade de diálogo e negociação em um Congresso Nacional dividido e com o relógio que corre contra.