Os preços ao produtor da indústria nacional continuam sua trajetória de crescimento, com um aumento de 0,6% em agosto de 2024 em comparação a julho.
Este foi o sétimo aumento consecutivo, como apontaram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 26 de setembro.
Com isso, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumula uma alta de 6,42% em doze meses e um crescimento de 4,76% em 2024.
Preços ao produtor: breve comparativo com anos anteriores
Em agosto de 2023, a taxa de crescimento mensal foi maior, a 0,75%.
No entanto, o desempenho atual, embora inferior ao do ano anterior, ainda demonstra uma recuperação significativa em relação aos meses anteriores.
Alexandre Brandão, gerente do IPP, destaca que “após um período com registros negativos, o IPP em 2024 chega ao seu sétimo resultado positivo seguido”.
Setores com variações positivas
Do total de 24 atividades industriais analisadas, 18 apresentaram variações de preço positivas em agosto, em uma tendência de alta do índice geral.
Comparado a julho, onde vinte e um setores mostraram aumentos, nota-se uma leve redução na quantidade de setores com crescimento de preços.
Os setores que mais contribuíram para o crescimento em agosto foram:
- – Alimentos: +0,32 p.p.
- – Indústrias Extrativas: -0,25 p.p.
- – Outros Produtos Químicos: +0,19 p.p.
- – Refino de Petróleo e Biocombustíveis: +0,12 p.p.
Brandão explica que “o crescimento verificado em agosto foi um pouco menor do que o de julho, com destaque para os aumentos de preços nos setores de alimentos e outros produtos químicos”.
Altas e baixas por setores
Em termos de variação percentual, o setor de indústrias extrativas se destacou com uma queda de 5,06%.
Este setor, que registrou um desempenho positivo nos dois meses anteriores, exerceu a segunda maior influência negativa sobre o IPP em agosto.
Entre os produtos que apresentaram preços em queda estão os “óleos brutos de petróleo” e o “minério de ferro e seus concentrados”.
Por outro lado, o setor de impressão registrou uma alta de 2,850%, enquanto outros produtos químicos apresentaram um aumento de 2,42%.
O setor de móveis também mostrou um crescimento significativo de 2,04%.
Preços ao produtor: setor de alimentos variou positivamente de novo
O setor de alimentos registrou uma variação positiva de 1,33% pelo quinto mês consecutivo, e, com isso, acumula um crescimento de 3,42% no ano.
Em agosto de 2023, esse setor apresentava uma variação acumulada de -6,14%.
O resultado de 7,10% em doze meses foi o maior desde outubro de 2022, quando alcançou 8,15%.
Brandão afirma que “esse desempenho da indústria de alimentos pode ser explicado pela alta de preços da carne bovina, em decorrência de problemas na oferta do produto e uma melhora da renda da população, que, por sua vez, acarreta um aumento da demanda por carne”.
Além da carne, houve crescimento na demanda por arroz, enquanto o preço do café aumentou devido a problemas de produção no Vietnã, em afetação a oferta global.
Destaques em outros produtos químicos
O setor de outros produtos químicos também registrou um desempenho robusto, com uma alta de 2,42%, maior que a variação de 2,08% observada em julho.
Este foi o terceiro resultado positivo consecutivo para o setor, que acumulou um ganho total de 8,44%.
No ano, a alta já atinge 11,33%, e, em doze meses, 12,67%.
Os principais produtos que impulsionaram o crescimento nesse setor incluem:
- – Fabricação de resinas e elastômetros: +5,35%
- – Produtos químicos inorgânicos: +1,48%
- – Fabricação de defensivos agrícolas: +0,95%
Esses itens contribuíram de forma significativa para a variação total de 2,42% em agosto.
Análise por categorias econômicas
Observando as grandes categorias econômicas, as variações de preços de julho para agosto de 2024 foram as seguintes:
- – Bens de Capital: -0,18%
- – Bens Intermediários: +0,38%
- – Bens de Consumo: +1,12%
- Bens de Consumo Duráveis: +0,68%
- Bens de Consumo Semiduráveis e Não Duráveis: +1,20%
Essas cifras revelam a dinâmica dos preços nas diferentes categorias, com destaque para o aumento em bens de consumo, que indica uma recuperação na demanda.
Importância do IPP
Com uma pesquisa que abrange mais de 2.100 empresas e coleta mensal de cerca de 6 mil preços, o IPP fornece insights sobre tendências inflacionárias de curto prazo no país.
A próxima divulgação do IPP, referente a setembro, está prevista para 30 de outubro.