Em agosto de 2024, as vendas no comércio varejista brasileiro sofreram uma queda de 0,30% em relação ao mês anterior, que havia registrado um crescimento de 0,6%.
Apesar dessa variação negativa, o desempenho acumulado do varejo neste ano alcança uma alta de 5,10%.
Dados mais recentes foram divulgados nesta quinta-feira (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desempenho do varejo ampliado
No comércio varejista ampliado, que abrange atividades como veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve uma queda de 0,8% na comparação entre julho e agosto.
Contudo, quando analisado o volume de vendas em relação ao mesmo mês do ano passado, foi registrada uma expansão de 3,10%.
A média móvel trimestral do varejo ampliado apresentou uma leve variação negativa de 0,10% no período encerrado em agosto.
Queda na maioria das atividades
Analisando as atividades do varejo, observou-se que sete das oito categorias pesquisadas apresentaram resultados negativos.
As principais quedas foram observadas em:
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -3,90%
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -2,60%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -2,00%
- Móveis e eletrodomésticos: -1,60%
- Tecidos, vestuário e calçados: -0,40%
- Combustíveis e lubrificantes: -0,20%
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,10%
A única atividade que registrou crescimento foi a de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com uma alta de 1,30%.
Como o IBGE avalia os dados
Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, destacou que “a variação negativa de 0,3% no comércio varejista em agosto demonstra uma estabilidade, após o crescimento de 0,6% em julho.”
Ele acrescentou que “o comportamento do comércio em 2024 ainda foi positivo, apenas em junho tivemos resultado efetivamente negativo (-0,9%). O aspecto negativo do resultado de agosto foi o fato de quatro das oito atividades pesquisadas terem registrado queda significativa, três ficarem estáveis e só uma ter apresentado alta”.
Impactos por setor e tendências apontadas
Santos observou que “as lojas de departamento são o principal tipo de empresa atuante no setor de Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico. Elas tiveram, em 2023, um ano muito turbulento, com registros de problemas contábeis em alguns dos principais players desse mercado, o que fez com que revisassem seus balanços patrimoniais”.
Isso resultou em ajustes em toda a cadeia produtiva, que levou à redução do número de lojas físicas.
Santos mencionou “o caso de Equipamentos e Material para Escritório, Informática e Comunicação, uma atividade que sofre muita influência do dólar, dependente da produção externa”.
Na comparação anual
Apesar da queda em relação ao mês anterior, as vendas do varejo avançaram 5,10% em comparação com agosto de 2023.
Dentre as oito atividades analisadas, cinco apresentaram resultados positivos, com destaque para:
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 15,70%
- Móveis e eletrodomésticos: 6,40%
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 6,10%
- Tecidos, vestuário e calçados: 5,80%
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 1,60%
Por outro lado, as categorias que enfrentaram queda foram:
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -7,60%
- Combustíveis e lubrificantes: -4,60%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -2,80%.
Crescimento contínuo dos artigos farmacêuticos
O grupo de Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos e de Perfumaria registrou o 18º mês consecutivo de crescimento e o último mês a apresentar queda foi fevereiro de 2023 (-0,5%).
Este setor foi responsável pela segunda maior contribuição positiva para o varejo em agosto, com uma adição de 1,5 pontos percentuais ao total de 5,10%.
Santos viu “um resultado bastante expressivo, que pode ser explicado, entre outras coisas, pelo bom desempenho de perfumaria, higiene pessoal e cosméticos nos últimos meses.”
Móveis e Eletrodomésticos
A atividade de Móveis e Eletrodomésticos avançou pela quinta vez consecutiva, com o último registro de queda em março de 2024 (-4,4%).
O indicador acumulado do ano também mostrou aumento no ritmo de crescimento, de 3,4% em julho para 3,70% em agosto.
No acumulado dos últimos 12 meses, essa expansão subiu de 2,50% em julho para 3,10% em agosto.
Vendas no comércio varejista ampliado
No comércio varejista ampliado, observou-se uma expansão de 3,10% nas vendas em comparação com agosto de 2023, com altas em duas das três atividades complementares:
- Veículos e motos, partes e peças: 8,3%
- Material de construção: 4,5%
O único setor que apresentou queda foi o de Atacado Especializado em Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, que apresentou um desempenho negativo de -11,50%.
Santos observou que “resultados negativos desde março, relacionado à distribuição dos alimentos feita pelas centrais de abastecimento”.
Desempenho regional: queda em dezessete UFs
Ao comparar os resultados de agosto com os de julho de 2024, dezessete unidades da federação apresentaram desempenho negativo. As maiores quedas foram registradas em:
- Minas Gerais: -2,4%
- Tocantins: -2,0%
- Rondônia: -1,8%
Dentre as dez UFs com resultados positivos, destacaram-se:
- Roraima: 2,20%
- Ceará: 2,10%
- Bahia: 1,30%
No comércio varejista ampliado, dezesseis das vinte e sete unidades da federação apresentaram resultados negativos, com destaque para:
- Mato Grosso do Sul: -4,50%
- Minas Gerais: -2,90%
- Acre: -2,50%
Por outro lado, Rio Grande do Sul (1,90%), Rio Grande do Norte (1,30%) e Roraima (1,30%) destacaram-se pela performance positiva.
As unidades federativas do Amapá e do Distrito Federal apresentaram estabilidade, com variação de 0,0%.