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O economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, afirmou nesta terça-feira (25) que o Brasil não conseguirá atingir a meta de inflação estabelecida para 2025 e 2026, os últimos dois anos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo ele, o descompasso entre a política monetária e a política fiscal do governo impede a convergência da inflação para a meta.
Política fiscal e monetária em conflito
Mansueto destacou que, enquanto o Banco Central mantém juros elevados para conter a inflação, o governo federal adota políticas expansionistas que estimulam o consumo.
“Mesmo se a taxa de juros for 15% e o crescimento neste ano for de apenas 1,5%, vamos continuar com inflação muito alta, muito acima da meta e não vamos terminar esse governo com ela convergindo para o centro da meta, ainda com as expectativas desancoradas”, afirmou durante a CEO Conference, evento organizado pelo BTG Pactual.
O economista questionou se o governo estaria disposto a aceitar uma desaceleração econômica devido aos juros altos ou se continuaria adotando novas medidas de estímulo ao consumo.
“O grande medo é colocar a política fiscal e monetária para trabalharem uma contra a outra. Nesse cenário, podemos ter ainda mais volatilidade em 2025 e 2026”, alertou.
Medidas do governo pressionam a inflação
Entre as medidas do governo que aumentam a liquidez e pressionam a inflação, Mansueto citou a flexibilização do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a criação de uma nova linha de crédito consignado para o setor privado.
“A mudança no saque-aniversário do FGTS envolve mais de R$ 10 bilhões, permitindo que pessoas desempregadas que haviam optado por essa modalidade de retirada possam sacar todo o saldo do fundo. Além disso, um novo programa de crédito consignado foi anunciado, o que, na prática, injeta mais dinheiro na economia em um momento em que a política monetária busca o efeito oposto”, explicou.
Para o economista, a manutenção do mercado de trabalho aquecido contribui para a resistência da inflação, já que o consumo não apresenta sinais de desaceleração.
Incertezas afetam investimentos
Mansueto também mencionou que a falta de clareza sobre as políticas econômicas do governo gera insegurança entre investidores. Ele citou o caso do Banco do Brasil como exemplo:
“Se houvesse certeza de que o governo não vai interferir em bancos públicos, eu compraria ações do Banco do Brasil. A ação está barata para o lucro que o banco gera. Mas hoje há uma indefinição no mercado sobre se o governo pretende adotar programas parafiscais que possam impactar esses bancos”, afirmou.
Com informações de CNN.