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INSS: como saber se houve desconto indevido após fraude de mais de R$ 6 bilhões?

De acordo com as autoridades, aposentados e pensionistas foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios entre 2019 e 2024, com prejuízos que podem chegar a R$ 6,30 bilhões

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)

Uma operação conjunta realizada na quarta-feira, 23 de abril, pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) desvendou um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

De acordo com as autoridades, aposentados e pensionistas foram vítimas de descontos indevidos em seus benefícios entre 2019 e 2024, com prejuízos que podem chegar a R$ 6,30 bilhões.

Esquema fraudulento envolvia associações fictícias e descontos não autorizados

Segundo as investigações, diversas entidades associativas cobravam mensalidades de forma irregular, diretamente dos benefícios previdenciários, sem qualquer autorização dos titulares.

O ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, explicou que muitas dessas entidades ofereciam supostos serviços, como assistência jurídica, planos de saúde e descontos em academias, mas sem estrutura para cumpri-los.

Além disso, houve falsificação de assinaturas dos beneficiários para simular consentimento.

A maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas, afirmou Carvalho.

  • A CGU entrevistou uma amostra de 1.273 aposentados e pensionistas, dos quais 97,0% negaram ter autorizado qualquer desconto.

Como saber se houve desconto indevido no benefício do INSS

Para verificar se houve descontos não autorizados, os beneficiários devem consultar o extrato no portal ou aplicativo Meu INSS. Confira o passo a passo:

  1. Acesse o app ou site Meu INSS;
  2. Faça login com CPF e senha do Gov.br;
  3. Clique em Extrato de benefício;
  4. Selecione o número do benefício;
  5. Verifique na tela seguinte os descontos de mensalidades associativas.

Como excluir cobranças indevidas no INSS?

Caso identifique valores descontados sem consentimento, o beneficiário pode solicitar a exclusão da mensalidade:

  1. Acesse o aplicativo Meu INSS;
  2. Faça login com CPF e senha;
  3. Clique em Novo pedido;
  4. Digite excluir mensalidadena busca;
  5. Siga as instruções exibidas na tela.

Para impedir novas cobranças, o bloqueio pode ser feito da seguinte forma:

  1. Entre no Meu INSS;
  2. Faça login com CPF e senha;
  3. Pesquise solicitar bloqueio ou desbloqueio de mensalidade;
  4. Clique no serviço correspondente e siga os passos informados.

Como pedir o ressarcimento dos valores?

Aposentados e pensionistas que desejarem reaver os valores descontados indevidamente podem:

  • Ligar para o número 0800 da associação (consta no contracheque);
  • Enviar e-mail para [email protected];
  • Registrar ocorrência na Ouvidoria do INSS;
  • Protocolar pedido de ressarcimento pelo app ou site Meu INSS ou presencialmente em uma agência.

O andamento da solicitação pode ser acompanhado pelo aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135.

Fraudes levaram à queda do presidente do INSS

Diante da gravidade do esquema, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado nesta quarta-feira (23). O nome do novo dirigente ainda não foi anunciado.

  • As investigações da CGU começaram em 2023 no âmbito administrativo.
  • Em 2024, após identificar indícios de crimes, o órgão acionou a Polícia Federal, que abriu 12 inquéritos.

Operação registrou prisões, apreensões e afastamentos de servidores

A operação autorizada pela Justiça Federal foi realizada em treze estados e no Distrito Federal, com cerca de 200 mandados de busca e apreensão cumpridos em 34 municípios.

Cinco pessoas foram presas — todas ligadas a organizações associativas de Sergipe — e uma permanecia foragida até a última atualização desta matéria.

Seis agentes públicos também foram afastados cautelarmente, mas suas identidades não foram divulgadas.

Durante as diligências, foram apreendidos veículos de luxo, joias, obras de arte e dinheiro em espécie, conforme informou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

A investigação continua, e novas medidas judiciais e administrativas podem ser adotadas para garantir o ressarcimento aos prejudicados e responsabilizar os envolvidos no esquema fraudulento.