Contexto da Decisão do STF
Nesta segunda-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tomou a decisão de suspender o julgamento de dois recursos importantes que envolvem a revisão da vida toda das aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esta revisão permitiria que aposentados recalculassem seus benefícios considerando todas as contribuições feitas ao longo de suas vidas, e não apenas as posteriores a julho de 1994.
O julgamento desses recursos estava sendo realizado no plenário virtual do STF, mas foi interrompido após o pedido de destaque do ministro Moraes. Esse pedido significa que o caso sairá do plenário virtual e será discutido em uma sessão presencial ou em outro formato que ainda será definido. Até o momento, não há previsão de quando essa análise será retomada.
Votos dos Ministros Antes da Suspensão
Antes da suspensão do julgamento, quatro ministros já haviam se posicionado contra os recursos. Além do relator, ministro Nunes Marques, os ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia votaram pela rejeição dos recursos apresentados pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM).
As entidades que apresentaram os recursos argumentavam que a revisão deveria ser garantida para os aposentados que já haviam iniciado processos judiciais buscando esse direito. Tribunais de instâncias inferiores já haviam dado decisões favoráveis aos aposentados nesse sentido.
O que Está em Jogo?
A revisão da vida toda foi um tema central em julgamentos anteriores do STF. Em março deste ano, a Corte decidiu, por 7 votos a 4, que os aposentados não têm o direito de optar pela regra mais favorável para recalcular seus benefícios. Esta decisão anulou uma deliberação anterior do STF que havia sido favorável à revisão da vida toda.
A reviravolta ocorreu porque os ministros estavam julgando ações de inconstitucionalidade contra a Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social (Lei 8.213/1991), e não o recurso extraordinário que havia garantido a revisão para os aposentados.
Histórico e Relevância da Revisão da Vida Toda
Em 2022, quando o STF ainda tinha outra composição plenária, foi reconhecido o direito à revisão da vida toda. Esse direito permitia que aposentados que ingressaram na Justiça pudessem pedir o recálculo de seus benefícios com base em todas as contribuições feitas ao longo de suas vidas, independentemente do período em que essas contribuições foram realizadas.
A revisão da vida toda foi vista como uma forma de garantir que os aposentados pudessem escolher a forma de cálculo que lhes proporcionasse o maior valor mensal, considerando todas as suas contribuições, incluindo as feitas antes de julho de 1994, quando o Plano Real foi implementado. Esta opção era vista como mais justa, especialmente para aqueles que contribuíram de forma significativa antes dessa data.
A discussão atual gira em torno da obrigatoriedade da regra de transição da Reforma da Previdência de 1999, que exclui do cálculo as contribuições feitas antes de julho de 1994. A maioria dos ministros entendeu que essa regra de transição deve ser obrigatória e não opcional, o que gerou a controvérsia que agora está em análise.
A suspensão do julgamento pelo STF deixa em aberto uma questão crucial para muitos aposentados que esperavam ver reconhecido o direito à revisão da vida toda. Com a suspensão, esses aposentados continuarão aguardando uma definição final sobre o tema.