O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (7) que está “muito preocupado” com a alta dos preços dos alimentos no Brasil e que o governo pode tomar “atitudes mais drásticas” para conter o aumento.
Durante um discurso em Minas Gerais, ele destacou a necessidade de encontrar uma solução, citando especificamente a alta no preço do ovo.
“Fizemos uma reunião ontem no Palácio, tomamos algumas medidas. Mas eu quero encontrar uma explicação para o preço do ovo. O ovo está saindo do controle. Alguns dizem que é o calor, outros dizem que é a exportação. Eu estou atrás”, declarou o presidente.
Lula ressaltou que o governo busca uma solução pacífica, mas que, caso não consiga conter a inflação dos alimentos, medidas mais rígidas poderão ser adotadas. Ele não especificou quais ações estariam em análise.
Redução de impostos e apelo aos estados
Na quinta-feira (6), o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou a isenção da alíquota de importação para diversos produtos, incluindo carne, café, milho, óleo de girassol, óleo de palma, azeite, sardinha e açúcar.
A cesta básica já possui isenção de impostos federais, mas o governo pretende pedir que estados reduzam o ICMS sobre os produtos essenciais.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, reforçou esse pedido aos governadores e disse acreditar que as ações do governo federal e o estímulo à superssafra ajudarão a reduzir os preços.
Ele descartou uma intervenção artificial no mercado, afirmando que “as medidas anunciadas são suficientes para conter a alta dos alimentos”.
Críticas e desafios
Apesar das iniciativas, associações de produtores de milho e café criticaram a decisão de zerar a alíquota de importação, alegando que não há fornecedores internacionais com preços competitivos em relação ao mercado brasileiro.
Além disso, há incertezas sobre a eficácia da estratégia. Medidas semelhantes já foram adotadas em governos anteriores, como os de Dilma Rousseff, Jair Bolsonaro e do próprio Lula, e nem sempre tiveram impacto significativo na inflação.
O governo também estuda outras soluções, como mudanças na forma de pagamento do vale-alimentação, o que, segundo Fávaro, reduziria encargos e ajudaria no controle da inflação.
Compromisso com alimentos acessíveis
Desde o início do ano, Lula tem cobrado de seus ministros propostas para conter a alta dos alimentos.
No final de fevereiro, ele declarou ter “obsessão por comida barata” e reiterou que sua meta é garantir acesso a alimentos a preços justos para os consumidores, sem prejudicar os produtores.
“A gente acha que o produtor também tem o direito de ganhar dinheiro. A gente não quer que ele tenha prejuízo. O problema é que há muitos atravessadores entre o produtor e o consumidor”, afirmou o presidente.
Com informações de Folha de S.Paulo.