As contas do Governo Central apresentaram um déficit primário significativo em agosto deste ano, ao total de R$ 22,404 bilhões.
Este resultado negativo ocorre em um cenário já impactado por um déficit anterior de R$ 9,28 bilhões registrado em julho.
O valor do rombo já havia sido previamente anunciado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) do Tesouro Nacional, divulgado na segunda-feira, 30 de setembro.
A publicação dos dados orçamentários do Tesouro tem enfrentado atrasos devido à mobilização dos servidores.
Como estão as contas do Governo Central na comparação com o mês anterior?
No mesmo mês do ano passado, as contas do Governo Central também mostraram um saldo negativo, a R$ 26,730 bilhões em termos nominais.
Expectativas do mercado financeiro
O resultado negativo de agosto foi praticamente em linha com as expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 22,30 bilhões, apontou um levantamento do Projeções Broadcast.
As estimativas variavam entre um déficit de R$ 25 bilhões a um superávit de R$ 8,5 bilhões.
Déficit acumulado do ano
No acumulado do ano até agosto, o Governo Central registrou um déficit total de R$ 99,997 bilhões.
No mesmo período do ano passado, o déficit era ainda maior, a R$ 105,884 bilhões, também em valores nominais.
Essa comparação revela uma leve melhora nas contas públicas, mas ainda aponta para a necessidade de medidas adicionais para garantir a estabilidade fiscal.
Análise de receitas e despesas
Em agosto, as receitas do Governo Central aumentaram 9,6% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
No acumulado até agosto, houve um crescimento real de 8,8% nas receitas.
Por outro lado, as despesas apresentaram um aumento de 2% em agosto, já descontada a inflação.
No acumulado dos oito primeiros meses do ano, as despesas tiveram uma variação positiva de 7,10%.
Déficit do Governo Central em relação ao PIB
Considerado um período de 12 meses até agosto, o Governo Central apresenta um déficit de R$ 227,50 bilhões, o que corresponde a 1,98% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.
Desde janeiro de 2024, o Tesouro Nacional passou a informar a relação entre o volume de despesas e o PIB, como parte do esforço para estabilizar os gastos públicos.
Despesas obrigatórias e discricionárias
No acumulado dos últimos 12 meses até agosto, as despesas obrigatórias representaram 18,4% do PIB, enquanto as despesas discricionárias do Executivo alcançaram 1,8% do PIB.
Como as metas fiscais para 2024 impactam o Governo Central
Para o ano de 2024, o governo estabeleceu duas metas principais.
A primeira diz respeito ao resultado primário, que deve ser neutro (0% do PIB), e permite uma variação de até 0,25 ponto percentual para mais ou para menos, conforme os parâmetros estabelecidos no novo arcabouço fiscal.
O limite aceitável para esse déficit seria de até R$ 28,8 bilhões.
A segunda meta refere-se ao limite de despesas, fixado em R$ 2,08 trilhões para o ano.
Expectativas do Ministério do Planejamento
No último Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, publicado em setembro, o Ministério do Planejamento e Orçamento estimou um resultado deficitário de R$ 28,30 bilhões para as contas deste ano.