A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou alta de 0,56% em março de 2025. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado representa desaceleração em relação ao mês anterior, quando o índice ficou em 1,31%.
Apesar da desaceleração, todos os nove grupos de produtos e serviços analisados apresentaram variações positivas, com destaque para o grupo Alimentação e Bebidas, cuja alta acelerou de 0,70% para 1,17%. O item corresponde a 0,25 ponto percentual do índice geral.
Alimentos impulsionam a inflação
A inflação acumulada em 12 meses passou de 5,06% em fevereiro para 5,48% em março, e superou o centro da meta estabelecida pelo Banco Central (BC). No ano de 2025, o IPCA já acumula alta de 2,04%.
Apenas o grupo Alimentação e Bebidas foi responsável por cerca de 45% da inflação mensal, com destaque para a disparada nos preços do tomate (22,55%), café moído (8,14%) e ovo de galinha (13,13%). Juntos, esses três produtos foram responsáveis por um quarto da inflação de março.
Chama atenção o caso do café moído, que acumula elevação de 77,78% nos últimos 12 meses – um dos principais vilões da alta nos alimentos.
Passagens aéreas e preços de energia compõem pressão nos preços
No grupo de Transportes, houve uma inflação de 0,46% em março, influenciada principalmente pela retomada dos preços das passagens aéreas. A categoria de Habitação (0,24%) perdeu força com o fim do bônus de Itaipu, o que resultou na estabilidade do preço da energia elétrica residencial.
Pressão sobre a inflação cresce com o superaquecimento do mercado de trabalho
De acordo com José Bravo, economista da Rio Bravo Investimentos, a inflação do mês superou as expectativas.
O executivo destacou o impacto do mercado de trabalho aquecido na pressão inflacionária, especialmente no setor de serviços:
“A resiliência inflacionária do componente de serviços permanece como o principal desafio à missão do Banco Central em retomar a trajetória de convergência em direção à meta. […] A inflação de salários, portanto, se materializa em maior consumo – majoritariamente na categoria de serviços – , e explica parte de sua resiliência.“
Números acima da meta influenciam a desvalorização do real e investidores estrangeiros fogem
Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, os dados reforçam a preocupação com o cenário inflacionário. O índice em março foi o maior número para o mês desde 2003 e “ chama muita atenção porque normalmente março não temos um número de inflação pressionado“.
Eyng também apontou a influência da desvalorização do real e a consequente fuga de capital estrangeiro:
“A possibilidade de desvalorização do real tem afastado investimentos estrangeiros, o investidor não quer correr o risco de ganhar em juros e perder tudo na conversão cambial. […] O mercado não gira.“
Por fim, Eyng sugere que o Banco Central deve manter uma política monetária mais rígida diante da resistência inflacionária:
“Com inflação ainda resistente e atividade econômica para cima, como mostrou o IBC-Br, os juros devem continuar.“