Política monetária

Copom eleva Selic para 14,25% ao ano, maior patamar desde 2016

A alta já havia sido contratada pela gestão anterior, de Roberto Campos Neto, no final do ano passado.

Banco Central
Crédito: Senado Federal

Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano. Este é o maior patamar para a Selic desde 2016.

Além disso, este é o quinto aumento consecutivo na taxa. A alta já havia sido contratada pela gestão anterior do BC, de Roberto Campos Neto, no final do ano passado.

A decisão desta quarta foi unânime. O Comitê afirmou também que, diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o próximo ajuste na taxa pode ser de menor magnitude.

O BC ressaltou o aumento nas expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus, que situam-se em 5,7% e 4,5%, respectivamente.

A projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, se encontra em 3,9% no cenário de referência.

“O Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 14,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comunicado da autarquia.

Para o economista Maykon Douglas, a decisão foi “sem surpresas” e com a “dureza de discurso que o momento exige.”

“Foi correta em manter a assimetria altista no cenário de riscos, dada a desancoragem das expectativas e as pressões na inflação corrente, e equilibrada ao antever uma desaceleração no ritmo de alta. Ritmo este que, caso a desaceleração da atividade se mantenha gradual, deveria ser de 75 bps”, explicou o economista.

Como a Bolsa deve reagir à decisão

O novo aumento na Selic já estava precificado pelo mercado financeiro, no entanto, alguns papéis da Bolsa podem reagir ao movimento nesta quinta-feira (19).

“A perspectiva de juros mais altos por um período prolongado pode pesar sobre o desempenho das empresas, especialmente aquelas mais endividadas ou sensíveis ao custo do crédito. Assim, o efeito líquido sobre a bolsa de valores deve ser limitado, com movimentos setoriais específicos ganhando destaque”, explica Thomas Gibertoni, sócio e portfólio manager da Portofino MFO.

Por que a Selic ultrapassou os 14,25% em 2016?

Em 2016, o cenário da economia brasileira era de recessão e pressão inflacionária. Em 2015 e 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 3,5% e 3,3%, respectivamente. Já o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, chegou a 10,7% ao 2015.

O BC se utiliza da taxa básica de juros para conseguir atingir a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,00%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (4,5%).