Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) reiterou a taxa básica de juros Selic em 10,50% ao ano (a.a.) na última quarta-feira, 19 de junho.
Em comunicado subsequente, o colegiado destacou a necessidade de manter a política monetária contracionista até que se consolidem a desinflação e a reancoragem das expectativas.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, dirigentes seguiram com a descrição anterior, uma vez que ressaltaram que os cenários internacional e local estão mais incertos e exigem uma maior cautela na condução da política monetária.
“O comitê disse que monitora com atenção como os eventos fiscais impactam a política monetária e os ativos financeiros locais, devido à exigência de prêmios de risco pelos investidores e, em linha com o esperado, destacou que o aumento da desancoragem das expectativas de inflação e o cenário desafiador implicam em uma maior serenidade e moderação na condução da política monetária.”
Outro ponto destacado pelo executivo foi a informação de que o comitê vai se manter vigilante e que “eventuais ajustes na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso com a convergência da inflação à meta”.
A visão da Nova Futura Investimentos era de que a decisão ótima para o COPOM seria manter a taxa Selic de forma unânime, com um comunicado hawkish.
Borsoi acredita que o texto cumpre essa função. A afirmação de que o membros vão se manter vigilantes e que a convergência da inflação à meta vai ditar os próximos passos sugerem que altas de juros são uma possibilidade.
Contudo, a plataforma não visualiza este cenário, pois observa que a manutenção da taxa em 10,50% ao ano seria suficiente para levar o IPCA à meta ao fim de 2025.
“Em nosso cenário, projetamos que a taxa Selic segue em 10,50% até dezembro de 2024 e termine 2025 em 10,00%.”
Para o mercado financeiro, Borsoi acredita que a decisão e o comunicado foram um sinal de que os novos diretores estão alinhados com a visão de uma postura mais cautelosa do COPOM neste momento.
“O mercado deve pedir menores prêmios na curva de juros, uma vez que um dos riscos para a decisão era uma percepção de leniência dos novos diretores. Isso deve contribuir para queda das taxas de juros e do câmbio. E esse alívio nos juros e no câmbio devem reduzir a pressão de venda na Bolsa, e contribuir para uma recuperação do Ibovespa.”