Taxa de juros nos EUA

Stiglitz critica o Fed e defende corte nas taxas de juros

Prêmio Nobel afirma que a alta nas taxas de juros prejudica a economia e agrava a inflação

Joseph Stiglitz, economista ganhador do Prêmio Nobel, em um contexto sério, representando sua crítica à política de juros do Federal Reserve
Joseph Stiglitz propõe corte nas taxas de juros para combater inflação e ajudar o setor imobiliário | (Joel Saget/Agence France-Presse/Getty Images)

Fed sob fogo: a visão de Joseph Stiglitz sobre a política de juros

Joseph Stiglitz, renomado economista e ganhador do Prêmio Nobel, criticou a política de alta de juros do Federal Reserve (Fed). Em entrevista à CNBC, ele afirmou que o Fed subiu as taxas de forma muito rápida. Isso, segundo ele, está prejudicando a economia americana, especialmente no setor imobiliário. De acordo com Stiglitz, a inflação está sendo agravada, não combatida, pelas decisões do Fed.

Ele argumenta que a conexão entre a política monetária e a inflação, especialmente em relação ao mercado imobiliário, é clara. “Aumentar as taxas de juros e dificultar o trabalho dos desenvolvedores imobiliários não resolverá a inflação. Pelo contrário, está piorando a situação”, declarou Stiglitz.


O impacto das taxas de juros sobre a inflação

Stiglitz fundamenta sua análise em diversos capítulos do livro Economics, escrito com Carl Walsh. Ele explica que a política monetária tem um impacto direto sobre os preços. No entanto, esse impacto pode ser muito diferente do esperado, sobretudo em setores cruciais como o de habitação. As decisões do Fed afetam a economia como um todo, e essas altas taxas de juros aumentam os custos de financiamento.

A relação entre inflação e habitação

Esse ponto é essencial no contexto inflacionário atual. Segundo Stiglitz, o aumento das taxas de juros, que o Fed utiliza para controlar a inflação, está limitando o acesso à moradia. Isso tem pressionado ainda mais os preços. Ou seja, o Fed, ao aumentar as taxas para combater a inflação, acaba agravando uma das causas do problema: a escassez de moradias. Stiglitz aponta que essa lógica tradicional não leva em conta os impactos de longo prazo do aumento das taxas de juros.


O apelo de Stiglitz por um corte imediato nas taxas de juros

Stiglitz foi claro em sua análise: o Fed deve cortar imediatamente 50 pontos-base nas taxas de juros. Segundo ele, esse corte deveria ser feito independentemente dos dados de emprego. Para Stiglitz, o foco não deve estar nas oscilações de curto prazo, mas sim em um reequilíbrio maior da economia. Ele defende que a redução das taxas poderia estimular o investimento e reduzir a pressão sobre o mercado de trabalho e o setor imobiliário.

Um ajuste necessário para a economia

Essa ideia de reequilíbrio está alinhada com os princípios expostos no livro Economics. Stiglitz e Walsh explicam que a política monetária deve ser flexível. Além disso, precisa se adaptar às condições macroeconômicas sem respostas automáticas, que podem acabar criando desequilíbrios nos mercados.


Outros economistas apoiam o corte nas taxas

Stiglitz não está sozinho em suas críticas. Neil Dutta, da Renaissance Macro, também sugeriu que o Fed deveria ter cortado as taxas em julho. Para Dutta, um corte de 50 pontos-base em setembro seria uma maneira de compensar a inação anterior. Michael Feroli, economista-chefe do JPMorgan Chase, compartilha dessa opinião, defendendo que a economia precisa de alívio nas condições de financiamento.

Uma visão compartilhada por especialistas

O consenso entre esses economistas é claro. A inflação atual não é consequência de uma demanda excessiva, mas de choques de oferta e problemas estruturais, como a falta de moradias. Isso torna a atual política do Fed ineficaz e até prejudicial. A análise de Stiglitz complementa essa visão. Ele acredita que o Fed precisa reavaliar seu papel na estabilização da economia. Além disso, defende que, em determinados momentos, a redução dos juros pode ser mais eficaz do que manter a alta constante.


Como o mercado reage às expectativas de cortes de juros

Os mercados têm se mostrado cautelosos quanto às expectativas de cortes nas taxas de juros. No início de setembro, a queda das ações americanas gerou preocupações sobre a demora do Fed em agir. Isso reforça o argumento de Stiglitz sobre o impacto negativo da política atual. Dados do CME Group mostram que traders precificavam uma chance de 40% de um corte mais agressivo ainda este mês.

Impactos globais e o futuro econômico

O impacto dessa política monetária vai além dos números de inflação e emprego. Stiglitz destaca, em seu livro Economics, que as decisões do Fed têm um efeito cascata sobre o sistema financeiro global. Isso inclui os investimentos, as taxas de câmbio e até o comércio internacional. Portanto, um ajuste nas taxas de juros não só ajudaria a combater a inflação nos EUA, mas também traria mais estabilidade ao sistema econômico global.