
Os mercados financeiros da Ásia e da Oceania registraram quedas históricas na manhã desta segunda-feira (7), por volta das 10:00 no horário local (22:00 de domingo no Brasil), impulsionados pela crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e diversos parceiros internacionais.
A intensificação da guerra de tarifas, liderada pelo governo norte-americano, e os temores de uma desaceleração econômica global provocaram reações em cadeia, e levaram as bolsas da Ásia ao pior desempenho desde o início da pandemia de COVID-19, em março de 2020.
Trump nega responsabilidade por queda, mas evita previsões
Durante entrevista a bordo do Air Force One na noite de domingo (6), o presidente dos EUA, Donald Trump, foi questionado sobre o colapso dos mercados globais. Ele se esquivou de responsabilizações diretas: “O que vai acontecer com o mercado? Não posso dizer“, disse Trump. “Mas posso dizer, nosso país ficou muito mais forte e, eventualmente, vai ser um país como nenhum outro“.
Tóquio aciona circuit breaker após tombo de 8,5% no Nikkei
Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei chegou a recuar 8,5% e provocou o acionamento do mecanismo de proteção “circuit breaker“.
Apesar de uma leve recuperação, o índice ainda fechou em queda de 6,0%.
Ações de grandes empresas como Honda (-7,10%), Chubu Electric Power (-7,50%) e Astellas Pharma (-6,80%) lideraram as perdas. O iene se valorizou frente ao dólar, cotado a 145,58, o que pressiona os exportadores japoneses.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, declarou na manhã desta segunda-feira (7) que vai manter negociações com o governo Trump para tentar reduzir as tarifas, mas reconheceu que “os resultados não virão da noite para o dia“.
Kospi despenca e Seul interrompe negociações brevemente
Ainda pela Ásia: A Bolsa de Seul também sofreu forte impacto, com o índice Kospi em queda de 5,2%, o que levou à ativação do mecanismo “sidecar” para interrupção temporária de ordens de negociação.
Após a retomada, o índice recuava 5,0%, puxado pelas perdas de Samsung Electronics (-4,10%), SK Hynix (-6,60%) e Hyundai (-5,70%). Foi a primeira vez que o “sidecar” foi ativado desde agosto de 2024.
Austrália revê piores momentos desde início da pandemia de COVID-19
Na Austrália, o índice S&P/ASX 200 caiu 6,0%, e impactou todos os seus onze setores. O temor de uma guerra comercial global motivou os investidores a reduzir a exposição ao risco.
Ações de bancos, mineradoras e empresas de energia lideraram a liquidação.
Bancos considerados tradicionalmente seguros, como ANZ, NAB, Westpac e Commonwealth, recuaram entre 6,50% e 7,80%.
Malásia sofre forte pressão
O índice Kuala Lumpur Composite, da Malásia, caiu 3,0%, em reflexo ao impacto das tarifas dos EUA e a retaliação da China. Entre os destaques negativos, YTL Power International caiu 6,6% e Axiata Group recuou 6,0%.
Queda nas commodities reforça cenário pessimista
O preço do petróleo bruto caiu para o nível mais baixo desde 2021. Commodities como o cobre também sofreram retrações, em reflexo do medo de que o conflito tarifário prejudique o crescimento global.
Resposta chinesa amplia tensão e derruba mercados
A reação da China às tarifas norte-americanas acentuou as perdas desde a última sexta-feira.
Nesta segunda-feira (7), as bolsas chinesas acompanharam o pânico global:
- – o índice Hang Seng, de Hong Kong, recuou 10,5% e zerou os ganhos de 2025, além de ter caminhado para sua maior queda diária desde a crise financeira de 2008.
“O último contra-ataque da China foi amplo e decisivo, o que gerou temores de que os EUA iniciaram uma guerra comercial global que leva a uma recessão”, afirmou a equipe de Pesquisa do UOB.
O índice Hang Seng Tech caiu 11,00%, com perdas de empresas como Sunny Optical (-17,0%), Lenovo (-17,0%), China Hongqiao (-16,0%) e Zijin Mining (-13,0%).
Na China continental, os índices de Xangai e Shenzhen caíram 5,8% e 8,2%, respectivamente.
Taiwan teme tarifas sobre chips e vê Taiex cair quase 10%
Fim do giro pela Ásia: A Bolsa de Taiwan, que esteve fechada na quinta-feira (3) e sexta-feira (4) por feriados, retomou as atividades nesta segunda-feira (7) com queda de 9,70% no índice Taiex, maior recuo intradiário desde 1990.
Embora os chips ainda estejam isentos de tarifas, Trump indicou que novos impostos sobre o setor serão anunciados em breve, o que impactaria fortemente a economia taiwanesa.
A gigante TSMC viu suas ações caírem 10,0%, enquanto a Foxconn recuou 9,8%. O Goldman Sachs rebaixou a classificação de Taiwan para “underweight” diante da exposição ao mercado dos EUA.