Economia

Payroll: economista diz que dados são contraditórios e pouco influenciam decisão dos juros nos EUA

Para André Valério, do Inter, Fed deve decidir rumo mais pelo comportamento da inflação, cujos dados serão divulgados na próxima quarta-feira (13), quando também saí a decisão da política monetária por lá

Payroll: economista diz que dados são contraditórios e pouco influenciam decisão dos juros nos EUA

Os recentes dados divulgados pelo relatório Payroll nos Estados Unidos mostraram a criação de 272 mil novos empregos em maio. No entanto, a taxa de desemprego do país aumentou de 3,9% para 4%, enquanto a taxa de participação na força de trabalho caiu para 62,5%.

O economista sênior do Inter, André Valério, sugere que uma explicação para o aumento na taxa de desemprego, apesar da criação de mais de 270 mil vagas, é que essas novas vagas podem ter sido ocupadas principalmente por trabalhadores que já estavam empregados, o que não seria captado na pesquisa domiciliar.

Além disso, Valério apontou outros fatores que podem influenciar esses números, como os ajustes feitos na pesquisa devido ao nascimento e morte de empresas, que sozinhos foram responsáveis pela adição de 231 mil vagas em maio. "Desde o início da pandemia, esses ajustes têm sido significativos, com uma média quase duas vezes maior do que antes da crise", destaca.

Outras questões incluem revisões para baixo nas estimativas de março e abril, retirando um total de 15 mil vagas, e a pesquisa domiciliar que sugere uma destruição de 456 mil empregos.

"Apesar da criação de vagas, os setores que mais contrataram foram o setor público, saúde e serviços, juntamente com uma reaceleração nos setores cíclicos, como a construção. Porém, os salários cresceram mais do que o esperado, o que foi uma surpresa negativa", acrescenta o economista.

Valério conclui que os resultados do Payroll são contraditórios, especialmente quando comparados a outros dados de emprego e atividade divulgados na mesma semana, que foram piores do que o esperado.

Ele sugere que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) provavelmente baseará suas decisões futuras mais no comportamento da inflação, cujos dados serão divulgados na próxima quarta-feira (13), mesmo dia do anúncio da decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) para os juros do País.

O Inter mantém a expectativa de início do ciclo de cortes em setembro, condicionado à continuidade da queda do núcleo do PCE (índice de preço de consumo pessoal).