Nesta sexta-feira (7) o governo dos Estados Unidos (EUA) divulga um dos indicadores mais importantes para aquela economia. O relatório Payroll é uma lista que detalha a remuneração paga aos trabalhadores de uma instituição, abrangendo o conjunto de procedimentos realizados pela empresa para efetuar esses pagamentos.
O indicador se torna ainda mais importante em um contexto onde o mercado financeiro observa atentamente os movimentos do Federal Reserve (Fed, banco central americano), por conta da expectativa do início do ciclo de corte de juros. O Fedwatch aponta que quase 57% dos analistas consultados confiam que a autoridade monetária irá cortar sua taxa de juro em setembro.
De acordo com André Colares, CEO da Smart House Investments, as expectativas de mercado para o payroll indicam a criação de 175 mil vagas de emprego no quinto mês do ano. “Um enfraquecimento no mercado de trabalho pode ser positivo para a política monetária, sugerindo uma diminuição da pressão inflacionária proveniente dos salários”, diz.
“Neste caso, isso poderia levar o Fed a adotar uma postura mais acomodatícia, potencialmente acelerando cortes de juros. No entanto, há hesitação em realizar cortes mais cedo devido à necessidade de sinais claros e consistentes de desaceleração econômica e controle da inflação”, explica.
Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, destaca que se o payroll vier acima das expectativas, isso poderia teoricamente aumentar as expectativas de um aumento mais rápido na taxa de juros. “No entanto, como o Fed já indicou sua disposição em permitir que a inflação ultrapasse um pouco a meta para apoiar o mercado de trabalho, um número forte provavelmente não alteraria essas expectativas”, ressalta.
Murad lembra que as mudanças na economia dos EUA podem ter um impacto significativo na economia brasileira e na taxa de juros local. “Se a economia dos EUA desacelerar, isso pode reduzir a demanda por exportações brasileiras, enfraquecendo nossa economia. Além disso, se o Fed aumentar as taxas de juros mais rápido do que o esperado, isso pode fortalecer o dólar, aumentando a pressão sobre o real e potencialmente levando a um aumento nas nossas taxas de juros”, frisa.
Indicadores
- Patamar atual dos juros nos EUA: 5,25% e 5,5% ao ano.
- O relatório ADP, divulgado dia 5, aponta que a variação de empregos no setor privado nos EUA foi de 152 mil em maio, abaixo da previsão de 173 mil;
- Já o relatório JOLTS, divulgado dia 4, mostra que o número de vagas de emprego diminuiu em 296 mil em relação ao mês anterior, totalizando 8,059 milhões em abril de 2024, o nível mais baixo desde fevereiro de 2022.
Payroll e atividade econômica
Jefferson Laatus, CEO do Grupo Laatus, afirma que a expectativa para o payroll de sexta-feira é que ele venha um pouco acima do anterior, cujos números alcançaram 175 mil vagas de trabalho. “As projeções indicam 185 mil”, diz.
Entretanto, o executivo elenca que caso o payroll venha abaixo, isso seria bastante positivo da perspectiva de política monetária. “Se o mercado de trabalho estiver desacelerando com o PIB, é um indicativo de que o patamar de juros com o qual o Fed vinha trabalhando até então está surtindo efeito, o que favorece o início do ciclo de corte de juros para setembro. Antes de setembro é praticamente impossível haver cortes”, reforça.
Porém, segundo ele, se o payroll vier abaixo das projeções, acaba por favorecer dois cortes de juros neste ano. “O investidor deve manter cautela, pois payroll abaixo, e recuo da atividade econômica, tendem a impactar o mercado de capitais. Na outra ponta, o payroll vindo forte tira toda a premissa de corte de juro para 2024”, frisa.
Indicadores recentes
O economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, lembra que os indicadores recentes mostraram um mercado de trabalho em desaceleração e isso deve se repetir com o payroll. “O desemprego nos EUA atualmente está pequeno, o que leva os empregados a pedirem demissão em busca de melhores ofertas. O investidor que gosta de fazer um trading deverá ter boas expectativas ao longo desta semana”, indica.
Nesta quarta-feira (5) o governo dos EUA divulgou o relatório ADP. Trata-se de uma medida da variação mensal de emprego de privados não-agrícolas, com base em um subconjunto de dados da folha de pagamento agregada e anônima que representa cerca de 400 mil clientes empresariais dos EUA.
O ADP aponta que a variação de empregos no setor privado nos EUA foi de 152 mil em maio, abaixo da previsão de 173 mil e do número revisado anterior de 188 mil.
Já o relatório JOLTS, divulgado dia 4, mostra que o número de vagas de emprego diminuiu em 296 mil em relação ao mês anterior, totalizando 8,059 milhões em abril de 2024, o nível mais baixo desde fevereiro de 2021 e abaixo do consenso de mercado de 8,34 milhões.
No mês, as vagas de emprego reduziram nos setores de cuidados de saúde e assistência social (-204 mil) e na educação governamental estadual e local (-59 mil), mas aumentaram nos serviços educacionais privados (+50 mil). Ele mede o emprego, as demissões, as vagas de emprego e as demissões na economia dos EUA.