Economia

PCE: quais são as pistas dos dados da inflação para a decisão do FOMC na próxima semana?

Indicador ficou em 0,2% no mês de dezembro e, com isso, a taxa anualizada seguiu em 2,6%

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- Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A inflação medida pelo PCE (sigla em inglês para Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal) nos Estados Unidos da América (EUA) ficou em 0,2% no mês de dezembro, em linha com a expectativa consensual entre agentes e analistas do mercado financeiro.

No mês anterior, o indicador recuou 0,1%. Na taxa anualizada, seguiu em 2,6%.

O núcleo do indicador, excluídos energia e alimentos, avançou 0,2% no último mês de 2023, contra uma expansão de 0,1% apurada no mês de novembro. Com isso, o núcleo do PCE passou de 3,20% para 2,90%, na base de comparação anual.

Despesas com bens de consumo e serviços puxaram o crescimento do índice.

Já a medida menos volátil, que exclui preços de energia e alimentos (core), também ficou em 0,2% na leitura mensal, mas quebrou a barreira dos 3% em doze meses, e desacelerou para 2,9% no mês passado (de 3,2% em novembro), também marginalmente abaixo das projeções dos analistas de mercado.

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, afirma que ambos os dados são positivos para o cenário do Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, mas faz ponderações. 

Ele aponta que o segundo processo de desinflação se revela mais lento do que a primeiro e, por isso, a autoridade monetária não vai ter pressa em mudar o atual plano de voo. “Ainda há um caminho a percorrer para que haja uma convergência da inflação para a meta de longo prazo, de 2,0%”, acrescentou.

Sung relembra que as atenções estarão voltadas à decisão sobre a taxa de juros pela autoridade monetária, e citou a projeção consensual de que se mantenha um patamar de 5,25% a.a. e 5,50% a.a.

Assim como outras vozes do mercado financeiro, Sung acredita em uma tendência de que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), mantenha-se cautelosa ao se expressar sobre o início da queda dos juros na entrevista subsequente à divulgação da decisão.

A Suno Research espera que, caso não haja choques que pressionem a inflação, haja uma desaceleração dos preços ao longo dos próximos meses, com uma inflação próxima à meta no terceiro trimestre deste ano. 

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, afirmou que “os números de dezembro do PCE deverão ser mais uma vez celebrados e animar aqueles que ainda esperam que os juros poderão começar a cair nos EUA já no primeiro trimestre”.

Apesar de vir apenas ligeiramente abaixo da mediana das projeções, o núcleo já está abaixo de 3%. 

“Na semana que antecede a primeira reunião do FOMC, os formuladores de política monetária americana terão motivos para ficar felizes com o trabalho realizado até o momento, mas os desafios para as decisões futuras permanecem bastante elevados”, observou.

“Analistas vão esmiuçar o comunicado do FOMC, palavra a palavra, na semana que vem”, ponderou o economista.