O primeiro ano do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 2023, fechou com um avanço de 2,90% no Produto Interno Bruto (PIB) e totalizou R$ 10,90 trilhões. Número bem diferente do que era esperado por analistas de mercado no começo daquele ano, que estimavam um crescimento de cerca de 1,5%, com projeções que chegavam a indicar crescimento abaixo de 1%.
Esse resultado foi puxado pela alta de 15,1% no setor do agronegócio, que teve um ano marcado por uma forte expansão na safra, principalmente da soja e do milho; a queda nos custos de produção; as melhores condições climáticas e o aumento das exportações.
Para Rafael Perez, economista da Suno Research, o Consumo das Famílias com um crescimento de 3,1% em 2023, também foi um dos destaques para a expansão do PIB do ano passado.
Segundo Perez, as principais razões para o resultado foram:
- A queda na inflação;
- o mercado de trabalho aquecido;
- expansão da massa salarial;
- aumento das transferências sociais;
- alta do salário-mínimo.
Além desses segmentos, o economista destaca ainda o setor de exportações, com uma alta de 9,1% naquele ano, devido à safra recorde de grãos, aumento da produção de petróleo, as importações chinesas e as cotações ainda favoráveis de diversas commodities. "O que permitiu um saldo recorde de quase US$ 100 bilhões da balança comercial", destacou Perez.
No lado negativo, o analista observa que os investimentos em 2023 apresentaram uma queda de 3,0%. "O segmento ainda tem sentido os efeitos cumulativos da política monetária restritiva e as condições mais apertadas do mercado de crédito. Contudo, o dado do último trimestre pode ser um sinal de retomada para este ano, dado o ciclo de queda da Selic (taxa básica de juros)", comentou.
O que esperar da economia em 2024?
Para o primeiro trimestre deste ano, o analista da Suno acredita que a atividade deve crescer de forma mais robusta, devido ao mercado de trabalho aquecido, o aumento da massa salarial, a injeção de liquidez na economia com o pagamento de precatórios pelo governo e os efeitos do agronegócio, que se concentram mais neste início de ano.
Segundo ele, o ciclo de cortes da Selic deve favorecer o mercado de crédito de forma mais clara na segunda metade do ano, impulsionando segmentos como a indústria, a construção civil, o varejo e os investimentos, enquanto o mercado de trabalho e o aumento da massa salarial devem agir como catalisadores para a expansão do consumo.
"A perspectiva para 2024 aponta para uma retomada gradual durante o ano, com um crescimento mais equilibrado entre os diversos setores. Projetamos alta de 0,7% no primeiro trimestre, mas a expansão deverá ficar mais concentrado no segundo semestre", projeta Perez.
Laiz Carvalho da BNP Paribas também aposta que o PIB do primeiro trimestre deve cresce entre 0,5% a 0,7%. Já no acumulado de 2024, a projeção é que a economia brasileira avance 1,8%.
O mesmo é compartilhado por Étore Sanchez da Ativa Investimentos, que não enxerga grandes acontecimentos para impulsionar o PIB em 2024 e por isso aposta que a economia brasileira deve avançar 1,7% ao final deste ano.