As políticas protecionistas propostas por Donald Trump, que defende a ideia de “colocar a América em primeiro lugar”, podem prejudicar o crescimento econômico global. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Financial Times com mais de 220 economistas dos Estados Unidos, Reino Unido e Zona do Euro.
Apesar do entusiasmo de investidores com o retorno de Trump, a maioria dos especialistas avalia que a abordagem econômica do presidente eleito trará mais desafios do que benefícios.
Como o Trump impactará a economia dos Estados Unidos?
Nos Estados Unidos, economistas entrevistados destacaram que o protecionismo de Trump pode impulsionar a inflação, forçando o Federal Reserve (Fed – banco central dos EUA) a adotar maior cautela em eventuais cortes de taxas de juros.
Sebnem Kalemli-Ozcan, professora da Universidade Brown e conselheira do Fed de Nova York, acredita que as políticas de Trump podem levar a uma estagflação. Isso é uma combinação de crescimento baixo e alta inflação.
Segundo ela, embora possa haver algum benefício inicial, os efeitos negativos para a economia global acabarão prejudicando os próprios EUA.
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Entre as promessas de campanha de Trump estão tarifas de até 20% sobre importações, deportação de imigrantes indocumentados. Além disso, cortes permanentes de impostos e redução de burocracia.
Janice Eberly, ex-funcionária do Departamento do Tesouro, alerta que essas medidas podem ser prejudiciais ao crescimento e contribuir para o aumento da inflação.
“Ambas tendem a ser inflacionárias e provavelmente negativas para o crescimento”, afirmou Janice.
Além disso, 47 economistas ao serem perguntados sobre a economia dos EUA esperam “algum impacto negativo” do governo de Trump.
Efeitos globais e reação internacional
No cenário internacional, economistas da Zona do Euro também se mostram pessimistas em relação às políticas de Trump, de acordo com outra pesquisa do Financial Times.
A possibilidade de tarifas elevadas contra a China e outros parceiros comerciais ameaça impactar indústrias importantes, como a automobilística alemã.
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Porém, no Reino Unido, a dependência do setor de serviços pode isolar parcialmente o país dos impactos diretos das tarifas. A pesquisa mostra que mais de 56% dos entrevistados esperarem algum impacto negativo.
O economista-chefe da PwC UK, Barret Kupelian, disse que “a administração Trump será uma ‘máquina de imprevisibilidade’ que dissuadirá empresas e famílias de tomarem decisões de longo prazo com facilidade”.
Informações do Estadão.