Impactos diferentes

Como corte nas taxas de juros influenciam no mercado de trabalho dos EUA e do Brasil?

Especialistas apontam como mercado de trabalho nos países agem de diferentes formas com decisões de taxas de juros

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Como corte nas taxas de juros influenciam no mercado de trabalho dos EUA e do Brasil?

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou na última quarta-feira (24) uma redução de 50 pontos-base na taxa de juros.  

A decisão, que superou as expectativas de muitos investidores, visa reduzir os custos de empréstimos, como financiamentos de automóveis e dívidas de cartão de crédito, e facilitar a criação de empregos.  

Corte de juros nos EUA e criação de empregos

No entanto, economistas ao Market Watch alertam que os efeitos desse corte sobre o emprego podem ser sentidos de maneira desigual entre os setores e podem demorar a aparecer.  

Nos Estados Unidos, a desaceleração do mercado de trabalho e o esfriamento da inflação foram fatores que influenciaram para o corte maior nas taxas, segundo Jerome Powell, presidente do Fed.  

Ele destacou que o risco de alta inflação foi controlado, enquanto as preocupações sobre o aumento do desemprego cresceram. Embora a expectativa seja de uma recuperação gradual no emprego, os efeitos não serão imediatos. 

Quando o Fed reduz as taxas de juros, dois impactos principais são observados, segundo o economista Mark Vitner. Os consumidores têm maior poder de compra, impulsionando a economia, e as empresas conseguem expandir seus negócios e contratar mais funcionários.

Setores mais valorizados  

Setores como construção civil, imobiliário e manufatura são especialmente sensíveis a essas mudanças e tendem a reagir mais rapidamente.

Contudo, áreas como saúde, lazer e tecnologia podem demorar mais para sentir os benefícios, devido à falta de rotatividade no mercado de trabalho e à contratação nessas áreas após a pandemia. 

Taxa de juros e criação de empregos no Brasil

Essas decisões também têm poder no Brasil. Em recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 pontos-base, agora em 10,75% ao ano.

Roberto Campos Neto, presidente do BC, enfatizou que o pleno emprego pode gerar pressões inflacionárias, especialmente se os salários aumentarem além da capacidade de produção.  

“A preocupação vem quando as empresas não conseguem contratar, e você tem que começar a subir o salário. Se você sobe o salário para o mesmo nível de produção, isso significa que você está iniciando um processo inflacionário. Então, a preocupação vem daí”, explicou ele em entrevista à Agência Brasil em maio de 2024.  

Diferença entre Brasil e Estados Unidos

Enquanto a redução dos juros nos Estados Unidos é vista como uma tentativa de prevenir um maior esfriamento do mercado de trabalho, no Brasil, a cautela predomina.  

Economistas como César Bergo, da Universidade de Brasília, apontam que, historicamente, o pleno emprego eleva a inflação, como explica a teoria da Curva de Phillips. Bergo ressalta que, com o desemprego em níveis baixos, a pressão por salários mais altos aumenta, o que pode elevar os preços e, assim, a inflação. 

“É por isso que tem essa relação entre pleno emprego e inflação. A preocupação do BC é olhar se esse pleno emprego é sozinho capaz de explicar o aumento de preços”, completou o economista. 

Informações são do MarketWatch e Agência Brasil