Na última quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) prorrogou o ciclo de cortes iniciado em agosto passado e reduziu a taxa básica de juros Selic em 0,50 p.p. pela quinta vez consecutiva, a 11,25% ao ano.
A decisão, unânime entre os dirigentes do colegiado, era amplamente aguardada por analistas e agentes do mercado financeiro, em linha com a sinalização dos próprios membros no último encontro promovido em dezembro.
Para a Órama Investimentos, a decisão foi acertada e aderente com a resolução do FOMC (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto), colegiado do Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano – “tanto no corte, quanto na manutenção do forward guidance de corte de 0,50 p.p. nas próximas reuniões”.
No entanto, no mercado doméstico, ainda enfrentamos alguns desafios. “As recentes leituras da inflação trouxeram atenção ao grupo de serviços subjacentes”, escreveu a economista Eduarda Schmidt.
Somado a isso, a economista citou a incerteza em relação à trajetória de juros a ser traçada pelo FOMC, nos EUA, a escalada dos conflitos geopolíticos no Oriente Médio, que possuem potenciais inflacionários mundiais, e a resiliência da atividade norte-americana, em especial do mercado de trabalho.
Vinicius Romano, especialista em Renda Fixa da Suno Research, destaca que o Comitê reafirmou a importância da firme persecução das metas fiscais.
“O impacto da decisão para os ativos de renda fixa brasileiros, no âmbito de alocação entre os três tipos de remuneração (pós-fixados, prefixados e indexados à inflação), nos faz entender que, apesar do ciclo de queda, o patamar atual da taxa Selic ainda proporciona uma boa relação risco x retorno para os títulos pós-fixados, já que estes praticamente não sofrem com marcação a mercado e são positivamente impactados pelo alto nível da taxa básica de juros”, comentou.
No caso dos títulos indexados à inflação (IPCA+), a Suno Research compreende que os papéis com vencimentos no médio e longo prazo ainda proporcionam um carrego interessante aos investidores, com um juro real próximo de, na média, 5,60% ao ano sem risco de crédito.
Para os prefixados, Romano observa que ainda existem boas opções (principalmente de emissão bancária) com duration um pouco mais curta, aproximadamente de três anos.
Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, ponderou que o comunicado sinaliza a determinação dos “bancos centrais das principais economias” em “promover a convergência da inflação para as metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho” exige “cautela” dos países emergentes.
No cenário doméstico, o Comitê avaliou que os indicadores econômicos seguem “consistentes com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom”, e que “a inflação cheia ao consumidor (…) manteve trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta”.
Ele ressalta que o colegiado manteve suas expectativas de inflação inalteradas em 3,50% para 2024 e 3,20% por cento para 2025, dentro dos limites de tolerância para as metas.
Além disso, dirigentes estão mais otimistas com a expectativa para os preços administrados (de serviços públicos) no curto prazo. A meta para 2024 caiu para 4,2 por cento ante os 4,5 por cento da reunião anterior.
No entanto, a expectativa para 2025 subiu levemente para 3,8 por cento ante os 3,6 por cento da reunião anterior, ainda dentro da meta.
Ao comentar o corte de 0,50 ponto percentual, o comunicado informou que os “membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões” e também avaliam que esse seria “o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
De acordo com Bevilacqua, ao confirmar os cortes de juros nas próximas reuniões, o Copom garante a continuidade do afrouxamento da política monetária, o que vai ser positivo para as ações.