Juros

Selic deve receber corte de 0,50 p.p, mas taxa ficará em 10% ao fim de 2024, diz análise

Fatores como taxa de juros nos Estados Unidos e a piora do cenário fiscal brasileiro devem impactar na decisão, segundo Paraná Banco Investimentos

Selic deve receber corte de 0,50 p.p, mas taxa ficará em 10% ao fim de 2024, diz análise

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne, na próxima terça-feira, 7 de maio, para decidir sobre a taxa Selic. Segundo o Paraná Banco Investimentos, a taxa terá mais uma redução de 0,50 p.p., passando para 10,25%. Entretanto, essa deverá ser a penúltima queda, em junho a queda deve ser de 0,25 p.p. Diante desse cenário, 2024 terá a Selic de 10%.

Segundo Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, desde a última reunião do Copom, o cenário externo sofreu forte deterioração. A realidade de redução de juros nos EUA passou de 3 cortes, sendo o primeiro em junho, para apenas 2 cortes, com início apenas em setembro. Isso porque tanto a inflação americana, quanto a atividade econômica, continuam resilientes. Sendo assim, juros altos nos EUA por mais tempo forçam as economias emergentes a pagarem um prêmio mais alto para atrair investidores.

No cenário interno, as perspectivas fiscais também se deterioraram com a revisão da meta fiscal dos próximos anos, onde o país só terá superávit primário a partir de 2026, pela projeção do Governo. Isso traz uma piora no endividamento do país, e quanto maior a dívida para um país emergente, maior é o prêmio a ser pago na taxa de juros para o Governo se financiar.

Em resumo, tanto o cenário externo, quanto o interno, impedem o país a projetar uma taxa de juros abaixo de 10%.

Sobre o IPCA, que vem apresentando desaceleração, Oliveira explica que ainda é cedo para comemorar. O último IPCA divulgado, referente a março, teve uma forte desaceleração para 0,16%, porém, muito impactado pela queda nas passagens aéreas e turismo, fatores sazonais neste período. Mesmo com queda nestes dois setores, a inflação de serviços ainda está acima de 5%. Se considerarmos que o real sofreu forte depreciação frente ao dólar nas últimas semanas, juntamente com o aumento de gastos do Governo, as pressões inflacionárias serão inevitáveis. Projetamos o IPCA em torno de 3,90% para 2024, acima do centro da meta do BC.

Em relação ao câmbio, o dólar deve terminar o ano de 2024 em torno de R$ 5,10, a depender muito da competitividade de investimentos no exterior. Se os juros americanos continuarem altos e as bolsas americanas continuarem subindo, teremos uma saída de investimentos do Brasil, que pressiona a nossa moeda.

Para os investidores, Oliveira diz que a renda fixa se tornou mais competitiva nas últimas semanas, sendo a melhor opção para quem quer bons retornos e menos risco, porém recomendam-se os papéis pós-fixados neste cenário de incerteza quando a Selic no longo prazo.