
A Receita Federal estima que a arrecadação com a tributação de rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, ou seja, os mais ricos, passe de R$ 10,2 bilhões para R$ 36,0 bilhões com a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
- A medida representaria um aumento de 254% na arrecadação dessa faixa de renda de mais ricos, conforme nota técnica elaborada pelo órgão em 18 de fevereiro de 2025.
O documento, obtido pelo site Poder360 por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), detalha que o impacto fiscal nominal vai ser de aproximadamente R$ 26 bilhões.
Segundo a equipe econômica, esse valor tributado aos mais ricos serviria para compensar as perdas com a isenção do Imposto de Renda para contribuintes que recebem até R$ 5.000 mensais — uma promessa de Lula para ser implementada em 2026.
As mudanças, contudo, ainda dependem de aprovação do Congresso Nacional.
Arrecadação por faixa de renda: como a medida afeta os mais ricos?
A nota também apresenta a estimativa de arrecadação por faixa de renda. Por exemplo, apenas três contribuintes têm rendimentos anuais acima de R$ 1 bilhão. A arrecadação com esse grupo deve subir de R$ 197,8 milhões para R$ 341,30 milhões — uma alta de 72%.
As projeções foram feitas com base nas declarações do Imposto de Renda do ano-calendário de 2022, e representam um “modelo padrão“.
Os impactos esperados para os anos de 2026, 2027 e 2028 têm pequenas variações, influenciados por fatores sazonais ou específicos de cada período.
A nota ressalta que se trata de um “impacto potencial” — ou seja, uma estimativa, e não uma certeza.
Possíveis riscos
Apesar de otimista, a nota não detalha os riscos de evasão fiscal, judicialização e fuga de capitais, que têm sido apontados por economistas como fatores que podem comprometer a arrecadação prevista. O único trecho que faz referência ao tema diz apenas que:
“[…] adotou-se hipóteses de alteração no comportamento do contribuinte, que, frente à nova tributação, serão induzidos a adotar estratégias e ações no sentido de mitigar esse aumento de carga tributária“.
Tributação média pode subir até 6 vezes
A Receita Federal também calculou o aumento da alíquota média de IR para os contribuintes com rendimentos elevados.
- A faixa entre R$ 750 milhões e R$ 1 bilhão deve ter a maior alta proporcional, com a alíquota média que passa de 1,49% para 9,60%.
- Já os bilionários, apesar de estarem no topo da pirâmide, terão aumento menor: de 5,54% para 9,56%.
Raio-x das grandes fortunas dos mais ricos
Segundo a Receita Federal, cerca de 141.000 contribuintes serão afetados pela nova tributação sobre rendimentos superiores a R$ 600 mil anuais.
A maioria (63.214) está na faixa de R$ 600 mil a R$ 1,2 milhão.
O número de contribuintes diminui conforme a renda aumenta.
Apenas três têm rendimentos anuais superiores a R$ 1 bilhão.
Entenda a nova tributação
A proposta estabelece uma tributação progressiva para rendimentos que ultrapassem R$ 600 mil por ano, com alíquota adicional calculada pela seguinte fórmula:
(Renda anual – R$ 600 mil) / R$ 600 mil x imposto mínimo de 10% = alíquota final
- O teto dessa alíquota vai ser de 10%, aplicado a rendimentos superiores a R$ 1,2 milhão por ano.
A nova regra incide sobre rendimentos que não têm tributação direta na fonte, como os dividendos de empresas.
Trabalhadores com carteira assinada (CLT), que já têm o IR descontado diretamente da folha de pagamento, não serão impactados por essa cobrança adicional.