O fluxo de capital estrangeiro na B3 (B3SA3), a Bolsa brasileira, foi negativo em R$ 4,8 bilhões em setembro, de acordo com um relatório da XP Investimentos, produzido por Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head de Research, e Jennie Li, estrategista de Ações.
Segundo o material, o saldo mensal voltou a ser negativo em comparação com o mês anterior, que registrou um saldo positivo de R$ 8,5 bilhões.
Entretanto, quanto ao saldo total do ano até agora, o resultado continua positivo, com um acúmulo de R$ 71,8 bilhões – eram R$ 76 bilhões ao fim de agosto.
Ferreira e Li enfatizam que os dados não consideram a entrada e a saída de capital estrangeiro por IPOs e follow-ons em setembro, pois os dados ainda não foram divulgados pela B3.
Pressões sobre a Bolsa no mês
Os analistas elencam uma série de fatores domésticos e externos que pesaram sobre a Bolsa, que recuou de 120 mil, em agosto, para 110 mil pontos ao final do mês.
“Por aqui, o mercado foi impactado por projeções menores de crescimento em 2022, inflação em alta, crise hídrica e a proximidade das eleições. No cenário externo, a volatilidade aumentou por conta da crise no setor imobiliário na China, uma crise energética e desaceleração no crescimento global, e a sinalização de que o Federal Reserve deve dar início da retirada de estímulos (“tapering”) ainda esse ano”, explicaram.
Todas essas incertezas parecem ter sido em grande parte precificadas, segundo Ferreira e Li, à medida que o índice Ibovespa caiu quase 18% do pico, de 130 mil pontos em junho, para os atuais 110 mil pontos.
Segundo o relatório, no mês passado, o Ibovespa seguiu em uma trajetória de desempenho inferior ao de seus pares internacionais, com recuo de 6,6% em moeda local e com o real mais fraco – queda de 11,7% em dólar.
Como reverter a trajetória de queda?
Para evitar a perda de investidores e atrair novamente a confiança dos que saíram, segundo Ferreira e Li, o país precisa solucionar a trajetória fiscal e política do país, recuperar o crescimento da economia e contar com um cenário positivo para as commodities e para os mercados emergentes.
De acordo com os analistas, para estimular o fluxo de capital estrangeiro positivo, as empresas brasileiras precisam dar um avanço crescente às iniciativas ESG, que consideram aspectos ambientais, sociais e de governança nas análises de investimento.
Contudo, o material ressalta que os investidores estrangeiros ainda representam a maioria dos participantes na Bolsa, com 50,6% – na comparação com 2020, houve um avanço de 4% -, seguidos por instituições (26,4%) e pessoas físicas (16,9%).
Instituições financeiras equivalem a 4,90%, enquanto empresas totalizam 1,20% de participação, segundo o material.