2022 tem sido marcado por intensa volatilidade nos mercados globais. Para este ano, a realização das eleições presidenciais e os temores fiscais no Brasil e o andamento da pandemia de Covid-19 já eram alguns fatores de preocupação para analistas desde o início.
Entretanto, as trajetórias de alta da inflação e dos juros nos Estados Unidos, os rumores de uma possível desaceleração da economia chinesa e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que afeta a cadeia mundial de suprimentos, surpreenderam investidores por toda a parte e afetam o desempenho de ativos de renda variável.
Ao nos referirmos ao mercado de ações, se olharmos para o Ibovespa, o principal índice acionário da B3, a bolsa de valores brasileira, veremos que, no ano, houve desvalorização de 3,19%. Precisamos ter em mente de que caminhamos nesta semana para o fim do primeiro semestre.
Em razão disso, a SpaceMoney lança uma série de reportagens com recomendações de analistas qualificados que procurarão apontar as melhores formas de diversificar e proteger o patrimônio em meio a um cenário tão adverso.
Laís Costa, analista de investimentos da Empiricus, avalia que, em momentos como o atual, “o investidor deve ter serenidade para avaliar se as suas teses de investimento, isto é, o que o levou a comprar aqueles ativos, mudaram”.
“Caso isso não tenha acontecido, é importante lembrar que volatilidade faz parte de investimento em ativos de risco e que é imprescindível ter uma visão de longo prazo para esses ativos”, pondera.
No primeiro texto da série, vamos abordar os ETFs.
O que são ETFs?
Os ETFs (Exchange Traded Funds) são fundos de investimentos ligados a algum índice de referência. Ou seja, eles têm suas cotas negociadas na Bolsa, tal como as ações, e seguem as movimentações de um índice específico.
Quando falamos de índice, nos referimos a um conjunto de ativos que “representam” uma modalidade de investimentos, como base para medir o seu desempenho.
Eles são ativos capazes de “replicar” o desempenho de índices, como o Ibovespa. Então, se você aplica o seu dinheiro em um ETF que “espelha” esse índice, como BOVA11, BOVV11, BOVB11 ou BOVX11, a sua rentabilidade vai seguir a variação do Ibovespa.
Ou seja: se o Ibovespa sobe, os fundos ganham. Por outro lado, se o índice cai, os investidores também perdem.
Mas não existem ETFs só relativos ao Ibovespa. No site da B3, você pode consultar a lista completa de 71 ETFs listados disponíveis que replicam diversos índices — do Brasil e do exterior — como Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11), o primeiro ETF de criptomoedas; e o iShares S&P 500 (IVVB11), que segue as oscilações do índice norte-americano S&P 500, composto pelas 500 maiores empresas das bolsas de valores dos EUA.
Estratégias para reduzir a volatilidade
Em material, Laís Costa menciona a estratégia de “ficar short” em ETF do Ibovespa. Funciona da seguinte maneira:
O Ibovespa aumenta a volatilidade esperada da carteira em relação ao mercado como um todo. Ao escolher essas ações, contudo, o investidor acredita que essas ações trarão um retorno acima do mercado (neste caso, do índice) no longo prazo.
Contudo, entre hoje e o longo prazo, para reduzir a volatilidade do seu portfólio, ele vende (fica short) (n)o ETF do índice.
Dessa forma, quando o mercado como um todo cai muito, o investidor ganha dinheiro nessa posição short no ETF. Ou seja, essa posição deve defender a carteira do investidor em quedas do mercado.
“Essa é uma estratégia que reduz o seu risco de mercado, ou como falamos no mercado, reduz o beta do investimento. Vale lembrar, contudo, que o Ibovespa é um índice muito concentrado em bancos e commodities. Por isso, essa operação pode não funcionar em momentos em que esses setores especificamente sobem e os demais caem (a exemplo dos últimos meses)”, pontua Laís.
E o que evitar neste momento?
Laís afirma categoricamente que o investidor tem que sempre mirar o longo prazo. “Reagir à volatilidade de curto prazo, na grande maioria das vezes, é um erro muito grande”, diz.
Ao vender suas posições com perda, o investidor, além de realizar o prejuízo, corre o risco de ficar fora quando o mercado se recuperar.
“Esse é um dos erros que os gestores profissionais mais temem cometer. Essa também deveria ser uma preocupação do investidor pessoa física”, conclui.