SpaceDica

Carteiras de criptomoedas: o que são e para que servem?

Assim como fazemos com nosso dinheiro, os ativos digitais também precisam ser protegidos e guardados em algum lugar

Paper Wallet - tipo de carteira de criptoativo - Reprodução
Paper Wallet - tipo de carteira de criptoativo - Reprodução

Apesar de estar cada vez mais em evidência, o universo das criptomoedas ainda é desconhecido por muitas pessoas. Diante do aumento da procura e da valorização desse ativo digital nos últimos anos, a proteção desses investimentos se tornou algo indispensável, principalmente após as recorrentes notícias sobre ataques hackers.

Da mesma maneira que fazemos com nosso dinheiro e cartões, as criptomoedas também precisam ser guardadas e protegidas para que não sejam perdidas ou até mesmo roubadas por criminosos. É justamente essa a função das carteiras de criptomoedas.

Uma carteira de criptomoedas é um dispositivo, software ou pedaço de papel (espaço de cédula) que serve para você enviar, receber e armazenar criptomoedas e ativos digitais. Além dessas funções, o diretor de research da Mercurius Crypto, Orlando Telles, afirma que ela também é utilizada para estabelecer comunicação com a rede (internet), para que assim se possa fazer transferências e operações desses ativos normalmente, além de gerenciar chaves públicas e privadas.

“A chave pública é o endereço aberto, para o qual outras pessoas podem enviar ativos. Já a privada é a senha que permite o acesso e a movimentação desses ativos. A carteira de criptomoedas pode ser comparada a um sistema de e-mail, no qual existe o endereço público, que pode ser fornecido para qualquer pessoa, e a senha, que permite que somente os usuários enviem e leiam as mensagens”, explica Orlando.

Tipos de carteiras

De maneira geral, podemos dizer que as carteiras de criptomoedas podem ser divididas de duas formas diferentes: online e offline.

Basicamente, as carteiras online, também conhecidas como carteiras quentes, são aquelas que dependem de uma conexão de internet para funcionar. Já as offline, ou carteiras frias, são as que não precisam da rede.

Orlando Telles diz que a principal diferença entre esses dois tipos é, efetivamente, o risco de ser alvo de ataques hackers. “A online está sujeita a ser infectada por um vírus ou algo do tipo, ao passo que a offline possui um risco menor. As carteiras online são, normalmente, aplicações gratuitas e de mais fácil acesso aos usuários. Além disso, são mais práticas em termos de movimentação dos ativos”, conta.

Dito isso, agora é preciso entender quais são os principais modelos de cada carteira.

“No segmento das Hot Wallet (carteiras quentes), os dois principais tipos são as web wallet, carteira armazenada em um servidor que pode ser acessada por meio de e-mail e senha em diversos dispositivos, e a software wallet, aquela registrada em um determinado software. Já entre as Cold Wallet (carteiras frias), os principais tipos são a paper wallet, carteira de papel, que efetivamente tem a chave privada com código registrado em papel, e a hardware wallet, dispositivo similar ao pen drive, no qual é possível fazer todos os processos de forma offline”, explica o diretor.

Vantagens e desvantagens

Antes de escolher alguma carteira, é importante que você analise as vantagens e desvantagens que cada uma oferece, levando sempre em consideração fatores como: segurança, capacidade para outras moedas, reputação e privacidade.

“Quanto às vantagens, caso você tenha a custódia de sua chave, pode controlar o risco dos seus ativos. Na carteira offline há, ainda, maior segurança se compararmos com a online. As hardware wallets são ainda melhores que as demais carteiras offline, pois são mais simples de manusear. Já em relação as desvantagens, no caso das carteiras offline, está relacionada ao processo para realizar as transações que, naturalmente, acaba sendo um pouco mais demorado que as carteiras online”, afirma Orlando Telles, que completa:

“Deve ser considerado, também, o custo financeiro dos dispositivos. No caso das hardware wallets, como a Trezor e Ledger, apesar de mais seguras, possuem custo de aquisição, enquanto as software wallets, como a Metamask e a Atomic Wallet, não possuem esse custo. É importante ressaltar que deve-se considerar sempre a quantia de capital a ser armazenada na escolha de carteira para custodiar seus criptoativos”.

É preciso ter cuidado!

Como estamos falando de informações confidenciais, mais do que nunca é preciso tomar alguns cuidados com essas carteiras. Orlando Telles ressalta que é essencial preservar dados como senhas e chaves de acesso, bem como se atentar à segurança do dispositivo que for escolhido e, no caso das paper e hardware wallet, também é necessário o cuidado com o armazenamento.

Nos últimos meses, diferentes histórias de pessoas que perderam suas chaves ou então o dispositivo em que elas estavam armazenadas foram noticiadas.

Em 2013, o engenheiro de tecnologia da informação James Howells, que atualmente vive em Newport, no País de Gales, jogou fora um disco rígido no qual guardava as chaves de acesso de 7,5 mil bitcoins, que na cotação de hoje valeriam aproximadamente R$ 1,5 bilhão. O homem afirma que tinha dois laptops parecidos e que acabou se confundiu e descartou o computador onde estavam as chaves para acessar e usar os ativos.

Howells então pediu autorização para procurar o aparelho no lixão da cidade, mas a Prefeitura de Newport rejeitou a solicitação, alegando temores ambientais e financeiros por conta da escavação do depósito.

Outro caso envolvendo a perda de criptoativos aconteceu em 2018, com a QuadrigaCX. O fundador da Exchange canadense, Gerald Cotten, morreu e os clientes ficaram sem ter como acessar seus saldos, um total de 21 mil bitcoins (R$ 4 bilhões).