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Carteiras recomendadas: o que são? Vale a pena segui-las cegamente?

Elas funcionam como "dicas" de equipes experientes no mercado financeiro e têm o objetivo de te ajudar a investir com melhores resultados

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É impossível acompanhar o noticiário de investimentos ou seguir perfis de corretoras e casas de análises, nas mídias sociais, sem ter contato quase diário com as “carteiras recomendadas”.  Em linhas gerais, elas funcionam como “dicas” de equipes experientes no mercado financeiro e têm o objetivo de te ajudar a investir com melhores resultados.

Mas é possível confiar nelas cegamente? Confira!

O mercado muda o tempo todo

Todo começo de mês os investidores são bombardeados por carteiras recomendadas, portfólios de ativos que, segundo as análises de especialistas, têm potencial para bom desempenho. Para chegar a essas indicações, as corretoras e casas de análise contam com equipes multidisciplinares formadas por analistas de renda variável, economistas e especialistas nos mais diversos setores. 

O objetivo desse grupo é montar o quebra-cabeças que envolve cenário macroeconômico, variação de índices como taxa de juros e inflação, tensões políticas, manobras da equipe econômica do governo e fatos setoriais relevantes. Enfim, tudo que pode influenciar o mercado de capitais. E, a partir disso, montar o que poderia ser considerado o “portfólio ideal” de ativos para aquele momento.

Contudo, por mais competente que seja esse time, nem sempre o resultado que vem é o esperado. E grande parte da culpa é exatamente a questão do momento. “Toda análise é datada e precisa ser constantemente refeita. O mercado financeiro está sempre em constante mudança e acontecem novos fatos que podem influenciar o desempenho de empresas ou setores econômicos”, explica Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos.

Uma ação que frequentemente entra nas recomendações dos analistas é a da Petrobras. Porém, o valor dos papéis da empresa frequentemente é afetado por fatores externos. Um exemplo disso é que no início deste mês, por divergências entre países da Opep (Organização dos Países exportadores de Petróleo), o barril de petróleo alcançou a maior alta desde 2014, o que influencia diretamente a operação da estatal brasileira. Como efeito, os papéis da empresa tiveram queda de quase 4% no dia 6 de julho e seguiram caindo até o dia 20. Ou seja: quem seguiu a recomendação de compra pensando no curto prazo teve prejuízo.

Então não posso confiar nas carteiras recomendadas? 

É claro que as casas de análise e corretoras contam com os melhores profissionais do mercado, que com certeza são capazes de análises competentes.

Porém, é sempre preciso ter em mente que, na renda variável, rentabilidade passada não significa rentabilidade futura. Não é porque uma carteira apresenta histórico de 30% de rentabilidade no último ano que ela continuará com bom desempenho futuro.

Isso as próprias corretoras e casas de análise sabem melhor que ninguém, o que as levam  a revisar periodicamente suas previsões, recomendando a venda de um ou mais ativos que fazem parte da carteira recomendada e a compra de outros. “Ler as diversas recomendações de analistas experientes é sempre positivo, mas não se pode levar aquilo como verdade absoluta para os seus investimentos”, ressalta Bruno. Segundo ele, o ideal é combinar essas análises com muito estudo sobre as empresas, como seus dados de patrimônio, endividamento, liquidez e como aquela empresa é administrada. “Verifique quem é o gestor, conselho, principais acionistas e executivos. A governança é um problema sério de algumas empresas, o que sempre gera desconto no valor das ações.  Por outro lado, quando uma companhia apresenta resultados consistentes todo trimestre, está posicionada no segmento como uma líder, traz regularmente novas soluções para o mercado e adota boas práticas de mercado, seus múltiplos estarão valorizados em relação aos pares”, explica o analista. 

Prestar atenção ao momento do segmento também é de suma importância para quem quer comprar papéis de uma empresa. “Em alguns casos, um momento de pessimismo pode fazer cair o valor da ação e torná-la atrativa de comprar com vistas nessa valorização, que pode acontecer amanhã ou daqui alguns anos. O importante é pensar nas perspectivas de futuro da empresa. A volatilidade é comum na renda variável e para conseguir o verdadeiro valor de investimento é necessário pensar em horizontes longos, ficando sempre de olho em oportunidades para, por exemplo, aumentar a sua posição em alguma ação caso o valor fique temporariamente atrativo, mas sem se desviar do foco no longo prazo”, recomenda Komura.