Nos últimos dias, a tensão entre Rússia e Ucrânia cresceu e isso fez os mercados globais reagirem de forma intensa. Especialistas entrevistados pela SpaceMoney explicam que um eventual conflito entre os dois países poderia impactar ainda mais a inflação no Brasil – que já está em taxas elevadas -, além de limitar o crescimento econômico global.
Diante deste cenário, eles indicam os melhores investimentos para proteger seu patrimônio.
“Temos visto um comportamento mais desafiador nos últimos dias entre Rússia e Ucrânia e, também, em relação a Estados Unidos e à União Europeia”, pontua Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
Chinchila reconhece que, no final de semana, houve uma ligação entre os presidentes norte-amerciano, Joe Biden, e o russo, Vladimir Putin, mas que não trouxe nenhuma resposta imediata.
Agora, o mundo inteiro está de olho no desenrolar desta situação. Porém, em uma eventual invasão, o principal risco para investidor brasileiro fica muito associado à alta do petróleo, afirma o analista da Terra.
“Os russos são grandes exportadores de petróleo e poderiam fazer o preço subir e isso para o Brasil poderia complicar ainda mais a pressão em relação aos combustíveis, inflação e à questão fiscal”, explica.
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, concorda. Segundo ele, um possível conflito abriria caminho para sanções à Russia que, como retaliação, poderia bloquear as ofertas de petróleo.
“Isso catapultaria os preços do petróleo, além do que já estamos vendo e, claro, teria impacto também sobre os preços de energia, de forma geral, e sobre a inflação que está bastante alta e teve como vilões os próprios custos de petróleo e gás”, detalha.
Beyruti também avalia um possível impacto sobre o crescimento global, motivado por um natural protecionismo adotado pelas nações diante de embargos, sanções e posicionamentos políticos.
“Tudo isso acaba afetando negativamente o crescimento global. E esse movimento que incentiva alta de juros e inflação elevada tende a prejudicar ativos de risco de forma generalizada”.
Investimentos
Diante de tanta tensão e dúvidas, pensar em estratégias para proteger o patrimônio é a principal preocupação entre os investidores.
Para Chinchila, essas proteções podem ser feitas através do dólar e do ouro. Isso porque como parte do movimento de busca por segurança está o fortalecimento da moeda americana. Assim como os títulos soberanos, o dólar é visto como um porto seguro de investidores ao redor do mundo. Em partes, o mesmo acontece com o ouro.
Buscar empresas exportadoras que tenham comportamento muito atrelado ao dólar também é uma alternativa. “Empresas de papel e celulose, normalmente, servem de proteção”, afirma.
Outras opções
Dentro desta perspectiva de buscar a proteção no dólar, Beyruti avalia que títulos denominados na moeda, como os próprios títulos do governo americano, também podem ajudar.
Fora isso, voltar-se à renda fixa é uma das principais dicas. “Aqui no Brasil poderíamos arriscar alguns títulos pós-fixados, na expectativa de que uma inflação mais forte poderia impulsionar os juros. Até porque temos uma situação fiscal bastante delicada com um o ano eleitoral”, considera.
Outra alternativa podem ser os títulos indexados à inflação como o Tesouro IPCA+, debêntures de empresas sólidas com vencimento a médio prazo e fundos de indexados à inflação.
“Mas essa situação entre Rússia e Ucrânia é, de uma forma geral, uma situação negativa para todos os ativos por afetar a economia global”, finaliza o economista da Guide.