Se você já pensou em investir em criptomoedas, mas o sobe e desce dos preços fez com que desistisse da ideia, as stablecoins podem ser uma opção. Conhecidas como “moedas estáveis”, elas vêm ganhando espaço por serem menos voláteis. Isso acontece porque possuem valores atrelados a outros ativos, como o dólar ou o ouro.
Humberto Bastos Virgílio, broker da Mesa de Renda Variável da Blue3, explica que as stablecoins mantém a característica mais atrativa das moedas digitais, que é a chance de participar de um mercado descentralizado, o que facilita o acesso e também a possibilidade de investimentos menores.
Por outro lado, precisam de um lastro para existir, o que acaba diminuindo a possibilidade de grandes flutuações. "Diferente do bitcoin, que é muito mais uma remuneração para se fazer toda a rede do blockchain acontecer, no caso das stablecoins, elas precisam de lastro para poder existir. Dessa forma, têm uma flutuação muito menor do que as outras", explica Virgílio. Mas, afinal de contas, o que é o lastro?
Lastro
O lastro nada mais é do que uma espécie de garantia. No passado, por exemplo, as nações emitiam a própria moeda mediante um lastro, que era o ouro. Ou seja, o dinheiro em circulação tinha como garantia a reserva de ouro do país.
Porém, com o tempo, a exigência de estoque do metal precioso deixou de ser condição para emissão de papel moeda. Hoje, o dinheiro de todos os países são “fiduciários”, isto é, seu valor não está atrelado a nenhum bem de valor (como o ouro), mas originado pela economia do próprio país e das pessoas que dela participam e aceitam o dinheiro como forma de pagamento. Outros exemplos de formas de pagamento fiduciárias são notas promissórias e o cheque.
Características das stablecoins
Segundo Virgílio, o lastro das stablecoins pode ser em diferentes ativos, desde moedas fiduciárias – como o dólar e o real -, a criptomoedas e até a commodities.
"É um mercado que começa a crescer. Recentemente, inclusive, uma moeda do café semelhante a uma stablecoin foi lançada aqui no Brasil", detalha Virgílio. Conforme o broker da Blue3, ainda existem stablecoins que não têm lastro em ativo, chamadas de “não coletarizadas”. Porém, contam com um algoritmo que atua em tempo real para dar estabilidade.
"É como se um banco central atuasse na moeda. Se está muito valorizada, joga liquidez no mercado para diminuir o valor. Ou se está desvalorizada, compra algumas moedas", diz Virgílio.
O broker da Blue3 lista stablecoins atreladas a diferentes ativos. Confira:
Stablecoin atrelada à moeda fiduciária: Theter
A Theter é atrelada ao dólar e, segundo Virgílio, é a stablecoin mais conhecida. "Mas tem alguns riscos, porque já vimos essa cripto não possuir um cofre na mesma proporção ao volume de moedas lançadas no mercado. É preciso estar atento à forma de auditoria desse lastro para ter certeza da quantidade de criptomoedas existentes".
Stablecoin atrelada a commodities: Pax gold
Esta é uma stablecoin atrelada ao ouro. "Eles têm um processo de auditoria grande e mensal e, com isso, tem a mesma quantidade de moedas lançadas e ouro", afirma Virgílio.
Stablecoin trelada a outra cripto: Dai
A Dai é lastreada em uma outra cripto: o ether.Virgílio detalha que toda vez que o ether se valoriza, a própria plataforma da Dai oferece condições, vantajosas ou desvantajosas, para os investidores trocarem Dai por ether ou vice-versa. Mas atenção. Neste caso é preciso cuidado porque a volatilidade tende a ser maior. "É um pouco mais arriscado, já que o mercado de cripto tem uma volatilidade alta", avalia o broker da Blue3.