Reportagem: Carlos Borges, Gabriel Coccetrone, Lucas de Andrade e Tatiane Calixto
Edição: Flávio Faria
Como diz o ditado, "a voz do povo é a voz de Deus". Por isso, a SpaceMoney foi às ruas para saber o que as pessoas acham do atual ministro da economia, se querem que ele fique, e o que esperam para o futuro. Não houve unanimidade entre as opiniões colhidas. Há quem defenda o ministro e quem queira ele longe.
Para Sônia Santana, enfermeira e moradora de Praia Grande, no litoral de São Paulo, é hora de a equipe econômica, seja ela quem for, olhar para as dificuldades que o povo está passando no dia a dia. "Eu não entendo nada de política. Só sei que do jeito que está não dá para ficar. Alguém no governo tem que estar preocupado com o povo, com o preço das coisas no supermercado. Está tudo muito caro e quem sofre mais é quem mais precisa. Tem que dar auxílio. Mas também tem que se preocupar com o que vai dar para comprar com o auxílio. Daqui a pouco, ninguém consegue comprar mais nada", analisa.
Para a empregada doméstica na capital, mas moradora de Barueri, na Grande São Paulo, Elizabete Cruz, o atual ministro "já tinha que ter saído". Assim como Sônia, ela também analisa os resultados da atual política econômica por meio dos aumentos constantes nas compras do dia a dia. "[O Paulo Guedes] não cumpriu com nada que prometeu quando passou a ser ministro da Economia, muito pelo contrário, as coisas só pioraram… Pelo menos para mim, tudo só aumentou. Está muito caro comer, cada vez que vou ao mercado eu gasto mais e trago menos coisas para minha casa.", afirma.
Embora torça pela saída do ministro, ela espera que caso ele siga no cargo, faça agora "tudo diferente" do que fez até agora. "Ele precisa olhar mais para quem precisa e menos para os ricos. Até agora, isso não aconteceu", afirma.
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Se sair, pode piorar
Porém, nem tudo está perdido para o ministro. Há, também, quem ainda seja a favor da permanência de Paulo Guedes à frente da equipe econômica. A estudante Michelly Espíndola, moradora da zona oeste do Rio de Janeiro, é uma das que ainda tem fé em Guedes, mas não arrisca uma previsão. "Não tem porquê ele sair. O presidente sempre falou que não entende de economia. Acredito que o Mourão e Guedes são os únicos que nunca deixariam o presidente. Mas esse governo é uma caixinha de surpresas", pondera. Segundo ela, uma eventual saída dele faria com que o governo perdesse o "restante de prestígio que ainda tem com os seus seguidores" e lembrou das promessas do presidente ainda à época de campanha. "E o 'casamento' entre ele e o presidente? Bolsonaro falou que era impossível de acabar", questiona.
Porém, caso Guedes não siga, Michelly tem a mesma opinião do economista da Guide Investimentos e do professor da Mackenzie. Para se dar bem com Bolsonaro, um eventual próximo ministro deverá deixar a responsabilidade fiscal de lado e ter foco no programa social idealizado pelo presidente. "Tem que ser uma pessoa que assuma os riscos de ir contra a responsabilidade fiscal e furar o teto de gastos. Se for uma pessoa que vá contra o projeto do Auxílio Brasil, com certeza não terá vez", analisa, embora ela mesma não seja a favor dessa postura e nem acredite que o programa seja uma iniciativa de longo prazo. "[Precisam] reestruturar a proposta do auxílio Brasil para evitar o teto de gastos. Ou simplesmente desistir desse projeto. É evidente que é um projeto apenas para a reeleição e que não se sustentará em um próximo mandato", prevê.
Vanderlei Morais, recepcionista de 53 anos em um edifício do Jardins, área nobre da cidade de São Paulo, também torce a favor do "super ministro". Não sei se tem um motivo real [para a saída]. Acredito que se ele sair é possível que dê uma mexida negativa no mercado. Outra vez falaram que ele ia sair e foi só conversa, especulação", avalia. Na opinião dele, sob a guarda de Guedes, a economia tem avançado. "As coisas estão melhorando. Você vê tantas coisas [boas] aí, como o novo Bolsa Família que subiu para R$ 400, era bem menos e estão cogitando até mais que esse valor", avalia.