Às 11:39 desta segunda-feira (18), as ações de JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) caíam 1,17% e 1,87%, aos preços de R$ 29,67 e R$ 12,10, respectivamente.
O movimento sucedia a informação de que o Bradesco BBI cortou os preços-alvo estipulados para as duas companhias.
As ações da JBS e da Marfrig tiveram desempenho inferior ao Ibovespa em 0,35% e 0,15% no acumulado do ano, respectivamente, uma vez que as margens de carne bovina dos EUA, um dos principais impulsionadores dessas ações, comprimiram e estão abaixo da média de cinco anos.
De acordo com os analistas, isso ocorre devido a custos do gado mais caros conforme o ciclo natural e o impacto da seca que reduz a disponibilidade de animais para abate, além de menos interrupções relacionadas a Covid-19, que contribuem para a normalização dos preços da carne bovina vs. anos anteriores onde a indústria registrou paralisações temporárias.
Para a JBS, o Bradesco BBI reduziu o preço-alvo derivado do modelo de fluxo de caixa descontado para R$ 34,00, e manteve a recomendação neutra.
Analistas ressaltam que a estratégia da JBS de realizar recompras de ações e pagar dividendos mais elevados nos últimos anos foi bem recebida pelos investidores. No entanto, reduziram estimativas, pois refletem uma postura mais conservadora para as margens de carne bovina dos EUA, apesar da melhora dos resultados para outros segmentos, como frango, que resultou no EBITDA consolidado estimado para 2023 para a JBS 15% abaixo do consenso.
Observam ainda que o segmento de carne bovina dos EUA responde por 50-60% de seu EBITDA, além de ser historicamente o principal impulsionador da ação.
Acrescentam ainda que, dadas as condições desafiadoras do mercado, têm menos clareza sobre o momento da listagem de suas operações nos EUA, um gatilho positivo muito esperado para as ações.
Veem as ações negociadas em um EV/EBITDA 2023 de 4,7x (5x para 2024E), o que está amplamente alinhado com a média histórica, o que acham justo se considerada a relação risco e retorno (o preço-alvo anterior era de R$ 36,00).
Para a Marfrig, o Bradesco BBI reduziu o preço-alvo derivado do modelo de fluxo de caixa descontado para R$ 18,00, e manteve a recomendação neutra.
Analistas ressaltam Marfrig apresentou bons resultados nos últimos anos, beneficiada por um ciclo positivo para a carne bovina norte-americana, que permitiu à empresa pagar dividendos e, mais recentemente, alocar capital na empresa de alimentos processados BRF (BRFS3) (recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 27,00).
No entanto, o EBITDA estimado para 2023 da Marfrig está 16% abaixo do consenso, pois estão mais cautelosos com as margens de carne bovina dos EUA, segmento que responde por 80-90% de seu EBITDA total.
A Marfrig começa a consolidar a BRF (agora detém 33%) a partir do segundo trimestre, dizem os analistas.
Eles projetam que a relação dívida líquida/EBITDA consolidado deva cair para 2,5x em 2023, de 2,8x em 2022, pois estimam um crescimento robusto
do EBITDA da BRF, apesar das margens comprimidas para segmento de carne bovina da Marfrig nos EUA.
Assim, acreditam que a alavancagem consolidada provavelmente vai ficar abaixo do covenant da dívida de 4,5x divida líquida/EBITDA.
A ação tem sido negociada a um EV/EBITDA 2023 de 4,5x (excluída a BRF), amplamente em linha com a média histórica e, portanto, veem como justo dado o risco/retorno (o preço-alvo anterior era de R$ 22,00).