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Por que brasileiros ainda estão com contas apertadas se a inflação recua?

Taxa de desemprego atual no Brasil ainda não permite um ganho de renda salarial média, diz o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike

- Foto: Getty Images
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro apresentou uma variação de 0,42%, o que representa uma queda de 0,14 ponto percentual em relação à taxa de dezembro (0,56%).

Nos últimos doze meses, o IPCA acumulou um aumento de 4,5%, abaixo dos 4,62% observados nos doze meses anteriores. Em janeiro de 2023, a variação havia sido de 0,53%. 

De acordo com o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, o IPCA mede a inflação oficial do Brasil e apesar desta estar em queda, ainda assim o brasileiro médio continua “apertado” financeiramente.

“Em contraponto ao recuo da inflação, a taxa de desemprego atual no Brasil ainda não permite um ganho de renda salarial média”, diz.

Ele lembra que, no último trimestre de 2023, a taxa de desemprego no país foi registrada em 7,4%, conforme apontado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dia 31.

“Esse resultado representou uma queda em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em novembro (7,5%), e também em comparação com o mesmo período de 2022 (7,9%)”, destaca.

“Com o encerramento do último mês de 2023, a taxa de desemprego anual fechou em 7,8%, o seu patamar mais baixo desde 2014 (7%), que foi a menor taxa anual da série histórica. No trimestre encerrado em novembro, a taxa estava em 7,5%”, ressalta.

O especialista cita o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para elencar que nos últimos cinco anos a participação dos salários dos trabalhadores brasileiros no Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu em 12,90%, o seu pior resultado em 16 anos.

Esse percentual tem declinado desde 2016, quando alcançou o seu ápice de 35,5% do PIB. Em 2021, os salários caíram para 31,00% do PIB.

Conforme Eyng, este panorama mostra que o ganho salarial do brasileiro ainda está aquém do período pré-pandêmico e isso implica em um aperto financeiro vivenciado pela maioria da população. “Então, mesmo com a inflação em queda, as pessoas ainda não têm um poder de compra adequado”, pontua.

Esta seria a razão pela qual os investidores devem manter cautela com alguns setores, especialmente o de varejo.

“Situações de primeiro consumo, como o varejo, se tornam apostas perigosas no curto prazo. O setor de investimento e o setor bancário, neste momento, oferecem maior proteção”, frisa.

IPCA de janeiro

Quanto ao IPCA de janeiro, segundo o levantamento do IBGE, dos nove grupos de produtos e serviços analisados, sete apresentaram aumento em janeiro.

O grupo Alimentação e Bebidas registrou a maior variação (1,38%) e o maior impacto (0,29 p.p.), em aceleração na comparação com dezembro (1,11%). Em seguida, destacou-se o aumento em Saúde e Cuidados Pessoais (0,83% e 0,11 p.p.).

Por outro lado, o grupo Transportes apresentou uma queda no índice de janeiro (-0,65% e -0,14 p.p.). Os demais grupos variaram entre -0,08% em Comunicação e 0,82% em Despesas Pessoais.

No que diz respeito ao grupo Alimentação e Bebidas, houve um aumento de 1,38% em janeiro, em comparação com o aumento de 1,11% em dezembro.

A alimentação em domicílio teve um aumento de 1,81%, impulsionado pelos aumentos nos preços da cenoura (43,85%), batata-inglesa (29,45%), feijão-carioca (9,70%), arroz (6,39%) e frutas (5,07%).

Por sua vez, a alimentação fora do domicílio (0,25%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,53%), com aumentos menos intensos nos preços de lanches (0,32%) e refeições (0,17%).

Em Saúde e Cuidados Pessoais (0,83%), os itens de higiene pessoal registraram aumento de 0,94%, com aumentos nos preços de produtos para a pele (2,64%) e perfumes (1,46%). Planos de saúde (0,76%) e produtos farmacêuticos (0,70%) também apresentaram aumentos em janeiro.

No grupo Habitação (0,25%), houve uma queda nos preços da energia elétrica residencial (-0,64%), influenciada por alterações nas alíquotas de ICMS em algumas cidades, assim como aumentos nas tarifas de água e esgoto e gás encanado.

No grupo Transportes (-0,65% e -0,14 p.p.), a queda foi influenciada principalmente pela redução nos preços das passagens aéreas (-15,22%).

Houve também uma diminuição nos preços dos combustíveis, com exceção do gás veicular, que registrou aumento. As variações nos preços dos transportes públicos em algumas cidades também contribuíram para a queda no índice.

Em resumo, apenas Brasília registrou uma variação negativa em janeiro, influenciada pela queda nos preços das passagens aéreas, enquanto a maior variação foi observada em Belo Horizonte, devido ao aumento nos preços das passagens de ônibus urbanos.