SpaceDica

RELEMBRE: Oi (OIBR3) de volta à recuperação judicial; o que aconteceu?

Companhia viu sua dívida ultrapassar a casa dos R$ 20 bilhões e não traz boas sinalizações, dizem analistas

-
-

No dia 17 de março deste ano, a Oi (OIBR3)(OIBR4) entrou em recuperação judicial outra vez. O primeiro processo havia se encerrado em dezembro de 2022, após longos seis anos. 

Enquanto o retorno da operadora à situação era especulado, o jornal O Globo noticiava que, mesmo após sair da recuperação judicial, suas dívidas financeiras chegavam a quase R$ 30 bilhões. E, por isso, uma nova reestruturação era necessária. 

O que aconteceu não foi necessariamente um pedido por recuperação judicial inicialmente, mas a formalização de uma solicitação de proteção dos credores internos e dos Estados Unidos da América (EUA) foi suficientemente ruidosa para assustar o mercado financeiro como um prenúncio do que estava a caminho.

Uma vez aceitos, a companhia sinalizou mais uma vez sua difícil saúde financeira. Como se não bastasse, o caso estourou em meio ao pânico disseminado em razão do caso Americanas (AMER3), cujo rombo contábil foi identificado e anunciado em janeiro.

No pedido protocolado em 2 de março, citou que a solicitação era a "medida mais adequada" para a companhia e suas subsidiárias devido:

  • – à aproximação da data de encerramento dos efeitos da tutela cautelar de urgência que tramita no Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro;
  • – às negociações ainda em andamento com os referidos credores financeiros da companhia e seus assessores, com a existência de pontos negociais ainda sujeitos à concordância entre as partes que impossibilitam a companhia de concluir, até o presente momento, as negociações e objetivos mencionados;
  • – ao cenário econômico-financeiro em que se encontram, com dívidas vencidas e o potencial vencimento antecipado e cruzado de contratos financeiros celebrados; e 
  • – à necessidade de manutenção da proteção legal contra potenciais execuções de credores e outras medidas contra a companhia e suas subsidiárias.

Em meio ao revés, a operadora encerrou o primeiro trimestre com uma dívida líquida de R$ 20,90 bilhões e sem geração de caixa.

Sobre os resultados apurados entre julho e setembro, a Genial Investimentos observou que o endividamento subiu a R$ 22,70 bilhões – um aumento de 23,90% ano a ano e de 7,10% trimestre a trimestre, no que classificou como "uma situação extremamente complicada".

"Houve uma piora na variação cambial e o financiamento DIP aumentou a dívida em dólar da companhia, dois fatores que impactaram o resultado negativamente", assinalaram os analistas Antonio Cozman, Felipe Mattar e Iago Souza. 

A companhia procura meios de reestruturar suas finanças. Uma delas foi a alienação das ações representativas da totalidade do capital social da Lemvig RJ Infraestrutura e Redes de Telecomunicações S.A. (SPE Torres 2), detentora de parte da infraestrutura de torres reversíveis e não reversíveis da operadora, à NK 108 Empreendimentos e Participações S.A. (NK 108), vencedora do procedimento competitivo realizado em 22 de agosto de 2022, no âmbito da primeira recuperação judicial do grupo.

Com a conclusão da operação, a NK 108 realizou, no dia 12 de julho, o pagamento à companhia de parcela à vista em dinheiro, no montante de R$ 905.106.874,26.

Em outubro, a agência de classificação de risco Fitch declarou que quando companhia concluir a restrição de sua dívida e encerrar o processo de recuperação judicial, vai reavaliar o perfil de crédito e conceder ratings com base na nova estrutura de capital.

Por enquanto, afirmou os IDRs ( Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moedas Estrangeira e Local "D" da Oi (OIBR3)(OIBR4) e seu Rating Nacional de Longo Prazo "D".

No mesmo mês, como parte de seus esforços para reestruturação de obrigações futuras, celebrou, com a V.tal Rede Neutra de Telecomunicações S.A. (V.tal), o Instrumento de Cessão Onerosa de Sucata e Outras Avenças e demais documentos correlatos.

Em linha com a proposta firme de apoio ao plano de recuperação judicial da companhia apresentada pela V.tal, a operação envolve a compra de cabos de rede de cobre desativados e inservíveis da Oi pela V.tal, em regime de exclusividade, e a correspondente compensação e/ou redução de até 72,00% das obrigações take-or-pay da companhia.

A operadora fechou ainda um acordo com o trio Claro, Telefônica Brasil – Vivo (VIVT3) e Tim (TIMS3) para embolsar o valor de R$ 821,4 milhões referente ao ajuste pós-fechamento da operação de venda dos ativos móveis.

Sobre a operação, em 20 de abril de 2022, a Oi já havia recebido R$ 14,5 bilhões.

Recentemente, o juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro prorrogou a suspensão de execuções contra operadora por 90 dias.

O que esperar para o ano de 2024?

A Genial Investimentos, ao analisar os números da operadora sobre o terceiro trimestre, reiterou sua recomendação de venda para os papéis ordinários (OIBR3), com preço-alvo reduzido de R$ 0,90 para R$ 0,60.

Analistas comentam que estão sem perspectivas de recuperação.