Atualmente, por conta da volatilidade no mercado financeiro e na bolsa de valores brasileira – que acumula perdas de mais de 8% ao longo deste ano refletindo o cenário político, social e fiscal do país -, escolher o melhor investimento não é tarefa fácil. Segundo o líder de fundos de investimentos da Blue3, Raphael Prata, em momentos como esses, um dos melhores caminhos para seguir é não ficar preso apenas em uma modalidade. “A melhor maneira de se proteger nesse momento é diversificar seus investimentos.”, ressalta.
A diversidade de investimentos é uma das principais estratégias para os investidores que querem ter mais chances de ganho e ao mesmo tempo procuram reduzir as perdas. Uma modalidade que pode cumprir essa função são os fundos multimercados.
“A principal característica do fundo multimercado é que ele pode transitar livremente entre diversas aplicações. Não existe uma pré-determinação. Com as alocações corretas, essa modalidade tende a render mais do que o CDI (títulos de curto prazo que as instituições financeiras emitem, com o objetivo de transferir seus recursos para outras instituições) em um período de tempo. Porém, é muito importante e fundamental entender qual é o período de tempo dos investidores”, afirma Raphael Prata.
O que é e como funciona o fundo multimercado?
Pertencente à categoria de fundos, é uma aplicação que tem como um dos principais atrativos a liberdade de investimento, uma vez que é composto por diferentes ativos, podendo misturar investimentos, como ações, CDBs, títulos públicos e privados, câmbio e outros mais.
Esse modelo tenta justamente diversificar a carteira do cliente, buscando sempre a maior rentabilidade possível. Em contrapartida, tem, de forma geral, um risco maior, já que está atrelado às oscilações do mercado. Seus principais benefícios em comparação com outros tipos de investimentos são: versatilidade, diversificação e flexibilidade.
Nessa modalidade de investimento, você não tem uma participação ativa, ou seja, não é de sua responsabilidade cuidar dos investimentos, mas sim de um gestor especializado.
Assim como outros fundos de investimentos, a tributação que incide sobre o multimercado são dois impostos: Imposto de Renda (a cada seis meses) e IOF (apenas quando o investidor resgatar sua cota antes de 30 dias de aplicação).
Importante deixar claro que o aumento do IOF, anunciado semana passada pelo Governo Federal, já passou a valer nesta segunda-feira (20), impactando também nessa tributação.
Tipos de fundos multimercados
No mercado, há diferentes possibilidades de investimentos de fundos multimercados, variando de produtos que atendem clientes mais conservadores (riscos mais baixos), até os mais agressivos (riscos mais altos).
As estratégias utilizadas pelo gestor especializado variam e são conhecidas como: macro, long & short, investimento no exterior, quantitativo e multiestratégia.
As classes preferidas escolhidas pelos investidores ao se falar dos fundos multimercados são duas: quantitativo e macro.
“O destaque vai para o quantitativo que tem, por função, diminuir a relação entre os ativos que estão dentro da carteira, fazendo com que eles não andem da mesma maneira, ou seja, é montada para não fazer com que esses ativos subam ou caiam juntos. Em situações de certa volatilidade interna (política, fiscal e econômica), esses ativos vão atuar de maneira diferente na carteira do cliente para que ele não sofra com grandes perdas”, explica.
O fundo macro, como o próprio nome diz, faz referência à macroeconomia. Os ativos que compõem esse tipo de fundo estão atrelados a índices macroeconômicos como inflação, cotações de moedas, taxas de juros e mais. Sendo assim, o investidor precisa analisar de que maneira a conjuntura da economia brasileira e do exterior poderão afetar os investimentos que estão na carteira em curto, médio e longo prazo.
Outra opção que ganha destaque no atual cenário econômico são os fundos de renda fixa. A razão para isso é o baixo risco, uma vez que esse tipo de fundo investe, majoritariamente, em títulos públicos (como o Tesouro Direto), debêntures, CBDs e LCI/LCA.
Renda fixa ou multimercados? Qual é a melhor opção?
“Vai depender muito do horizonte de tempo de investimento e do risco que o investidor está disposto a se expor. Se ele tem o objetivo de curto prazo (até dois anos), o ideal não é alocar em multimercado. Nesses casos e para perfis mais conservadores, o mais adequado é o investimento por renda fixa”, avalia Raphael Prata.
Segundo dados de uma pesquisa feita pela Economática sobre os 20 melhores fundos multimercados de 2020, todos apresentaram rendimento superior a 200% do CDI. A razão para isso, concluiu a consultoria, se dá pela retomada econômica.