Não é novidade para ninguém que a pandemia de COVID-19 trouxe grandes impactos para os diferentes setores do mercado. Assim, as empresas que fizeram oferta pública inicial (IPO) na B3 (B3SA3) em 2020 também foram fortemente afetadas. Algumas delas enxergaram a capitalização como grande oportunidade para expandir, enquanto outras ainda enfrentam dificuldades para se recuperar do pior momento da crise.
Com o início da vacinação contra o novo coronavírus, os investidores tiveram suas expectativas para uma retomada econômica renovadas, apesar da circulação e prevalência da variante Delta em alguns países. Desde então, o Ibovespa, índice acionário brasileiro, chegou a atingir marcas históricas durante seis pregões consecutivos, com máxima de 130.776 pontos – em 7 de junho -, e segue operando em leve alta.
Em relação às companhias que abriram capital na bolsa em 2020, o destaque positivo vai para os setores de tecnologia e logística, que tiveram alta na demanda durante a pandemia, enquanto construtoras e empresas do varejo não conseguiram atingir o crescimento estipulado.
Patrick Johnston, superintendente de renda variável da Blue3, detalha que “em 2020 foram registrados 27 IPOs na bolsa de valores brasileira, o que movimentou um pouco mais de R$45 bilhões”.
“Dentre as principais ofertas de 2020, o Grupo Soma (SOMA3) acumula alta de 65% em relação ao preço do IPO. Já a Locaweb (LWSA3) acumula uma alta expressiva de 440%, seguida de Petz (PETZ3), com 90%; e Rede D’or (RDOR3), com alta de 20%”, afirma.
A primeira da lista a estrear nos pregões foi a Locaweb, em 7 de fevereiro. O Grupo Soma também iniciou as negociações no primeiro semestre (mais afetado pelas regras de distanciamento social trazidas pela COVID-19) , enquanto Petz e Rede D’or passaram a ser listadas na B3 mais para o final do ano, em 11 de setembro e 11 de dezembro, respectivamente, quando o mercado já mostrava sinais de recuperação.
O Grupo Soma iniciou suas movimentações em 31 de julho; a Locaweb, em 7 de fevereiro; a Petz em 11 de setembro e a Rede D’or em 11 de dezembro.
“No campo negativo, as ações do Grupo Mateus (GMAT3) acumulam perdas de 25%, seguida das ações da Hidrovias (HBSA3) com queda de 40% aproximadamente”, conta Patrick.
O Grupo Mateus deu início às suas movimentações na B3 em 16 de outubro, enquanto a Hidrovias em 25 de setembro.
O que deu certo (ou errado)?
O superintendente de renda variável da Blue3 analisou as razões para os resultados positivos e negativos dessas companhias.
“De modo geral, as empresas vêm divulgando resultados melhores que o esperado. Outro ponto é o fator de crescimento e ganho de market share dessas empresas novas. O investidor acredita que com a entrada de capital na companhia, as empresas possam continuar expandindo seus negócios e gerando maior valor ao acionista”, afirma Patrick.
“Hidrovias sofreu um impacto com volume de transporte de grãos menor no 2º trimestre deste ano, causado por um aumento no índice de grãos danificados de soja. Já as ações do Grupo Mateus vêm sofrendo com preocupações dos investidores quanto à inflação, redução de auxílio emergencial e desemprego no Brasil”, explica.
O Grupo Mateus é o quarto maior varejista do País, com 137 lojas no Maranhão, Pará e Piauí. É importante destacar que, para o varejo funcionar, a população precisa estar com dinheiro. Com a inflação em alta, as pessoas naturalmente diminuem gastos que não são essenciais, afetando os resultados do setor.
Previsão para 2021
Segundo a CVM (Comissão de Valores Imobiliários), até a primeira semana de agosto deste ano foram concluídos 36 IPOs, que geraram uma captação de R$ 66,2 bilhões.
A autarquiaainda revelou que há 26 empresas interessadas em fazer IPO neste ano.
Ao PapoBlue, na semana passada, Patrick comentou sobre os investimentos das companhias novatas na B3.
“Ainda temos diversas empresas que protocolaram o processo de abertura de capital na CVM e aguardam seu momento de estrear. No momento temos 2 empresas em andamento e pelo menos 10 aguardando e a tendência é que esse número continue a crescer”, concluiu.