Educação Financeira

O que é a taxa Selic e como ela afeta seus investimentos?

Entenda como a principal taxa de juros do Brasil influencia o mercado financeiro e suas decisões na hora de investir 

Entenda de uma vez o que é a Taxa Selic
Taxa básica de juros é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação e influencia diretamente os investimentos e a economia do país | Freepik

Não é de hoje que o Brasil vem enfrentando uma crise econômica, e uma das saídas que o governo tem para contorná-la ou, pelo menos, tentar acalmá-la, é aumentar os juros através da Selic, a taxa básica de juros.

Por conta disso, esse termo vem sendo cada vez mais comentado em notícias de economia, e muitos não sabem o que ela é e nem como a taxa Selic afeta os investimentos.

Basicamente, a Selic é o principal indicador de juros do Brasil. Ela funciona como um termômetro para todos os outros índices  do mercado financeiro, já que é essencial para gerenciar a economia e manter os preços sob controle.

Como ela funciona?

A Taxa Selic é determinada nas reuniões do Copom, que acontecem a cada 45 dias. Durante essas reuniões, o comitê avalia diversos indicadores econômicos, como inflação, crescimento econômico, emprego e cenário internacional, para definir o percentual da taxa que melhor atenderá aos objetivos da política monetária.

Na prática, a Selic representa a taxa média dos financiamentos diários com prazo de um dia útil (overnight) lastreados por títulos públicos federais. Em outras palavras, é a taxa pela qual os bancos emprestam dinheiro uns aos outros, usando títulos públicos como garantia. Esta movimentação é necessária para que os bancos fechem o dia com suas contas equilibradas.

Quando o Banco Central aumenta a Taxa Selic, ele está tornando o crédito mais caro no mercado, o que leva a uma redução no consumo e, consequentemente, ajuda a controlar a inflação.

Por outro lado, quando a taxa é reduzida, o crédito fica mais barato, estimulando o consumo e os investimentos na economia. É um mecanismo poderoso que influencia diretamente o comportamento econômico do país.

Quando investir e quando não investir na Selic?

No cenário atual, a Selic está em um patamar considerado alto por especialistas, 12,25% ao ano,  e, nesse sentido, é importante entender quando ou não aplicar seu dinheiro em ativos atrelados à Selic.

Cenários de alta

Quando a Selic está elevada, investir em produtos que a acompanham pode ser vantajoso. Um dos mais populares é o Tesouro Selic, onde você empresta recursos ao governo federal e recebe retorno baseado nesta taxa. Os CDBs também são opções interessantes, seguindo lógica similar, mas oferecidos por bancos.

As LCIs são outro instrumento relevante, direcionando recursos para o mercado imobiliário, com a vantagem de isenção fiscal. De forma análoga, as LCAs canalizam investimentos para o agronegócio. Estas aplicações atraem investidores que priorizam segurança e buscam rendimentos superiores à caderneta de poupança. Porém, vale ressaltar que o desempenho destes produtos está diretamente ligado às flutuações da Selic.

Cenários de baixa

Quando a Taxa Selic está baixa, os investimentos em renda fixa tendem a ter retornos menores, tornando mais atraentes outras opções de investimento. Neste cenário, muitos investidores optam por diversificar suas carteiras com investimentos em renda variável, como ações de empresas sólidas que pagam bons dividendos, fundos imobiliários (FIIs) que proporcionam rendimentos mensais, ou ainda investimentos em títulos privados que oferecem taxas prefixadas mais atraentes.

Além disso, com juros baixos, investimentos alternativos como criptomoedas ou startups podem se tornar mais interessantes para investidores arrojados, já que o custo de oportunidade em relação à renda fixa diminui. No entanto, é fundamental lembrar que estes investimentos geralmente apresentam maior risco e volatilidade, sendo crucial realizar uma análise detalhada e, preferencialmente, contar com orientação profissional antes de tomar decisões.

Importância da Taxa Selic e suas limitações

A Taxa Selic é um instrumento fundamental para a política monetária brasileira, mas possui suas limitações. Embora seja eficaz no controle da inflação e na regulação do mercado financeiro, seu impacto pode ser limitado em situações de crise econômica severa ou choques externos.

Além disso, alterações na taxa podem demorar meses para surtir efeito na economia real, e seus benefícios nem sempre são distribuídos de maneira uniforme entre diferentes setores da sociedade.

Com uma Taxa Selic alta, o crédito se torna mais caro. Financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam com juros mais elevados, reduzindo o consumo geral da população. Para o país, isso significa uma desaceleração econômica intencional, com menos dinheiro circulando, o que ajuda a controlar a inflação. No entanto, este cenário também pode resultar em menor crescimento econômico, aumento do desemprego e redução dos investimentos empresariais.

Por outro lado, quando a Selic está baixa, o crédito fica mais acessível, permitindo que as pessoas e empresas tomem empréstimos com juros menores. Isso estimula o consumo, os investimentos empresariais e pode aquecer a economia como um todo. Para o país, significa maior circulação de dinheiro, potencial crescimento econômico e geração de empregos. Contudo, se mantida baixa por muito tempo em um cenário inadequado, pode levar a um aumento da inflação, desvalorização da moeda e instabilidade econômica.

Por isso, é importante que os investidores compreendam não apenas como a Selic funciona, mas também suas limitações. Isso permite decisões mais conscientes e estratégicas em seus investimentos.